segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Ninho de musaranho - Musarañas


Duas irmãs vivem em um apartamento na Madri dos anos 50. A mais velha não consegue sair de casa, pois sofre de agorafobia, e a mais nova acaba de completar 18 anos, fato esse que preocupa sua irmã já que agora ela é considerada adulta e pode abandoná-la quando quiser.
Quando Carlos, um misterioso vizinho, entra repentinamente em suas vidas, a rotina das duas é quebrada, causando tensão e intriga às irmãs.
Ninho de musaranho cria um suspense que vai crescendo lentamente, o roteiro insere revelações planejadamente em momentos onde eles causam ainda mais curiosidade. A direção de arte fez toda diferença ao filme, pois como ele se passa majoritariamente dentro do apartamento, a cenografia consegue transmitir um lar aconchegante em certos momentos e claustrofóbico em outros, o que reflete a visão de cada uma das irmãs.

Destaque:
  • As atuações são muito boas mas a Macarena Gómes (que interpreta Montse, a irmã mais velha) é o grande destaque, entregando uma interpretação com um drama gradual, que consegue transmitir o ápice do desespero. 

Diretores: Esteban Roel e Juanfer Andrés
País: Espanha
Ano: 2014
Minha nota: 8,5

domingo, 10 de outubro de 2021

Filhos do paraíso - Bacheha - Ye aseman


Ali,um menino iraniano de 9 anos, perde o único par de sapato da irmã ao busca-lo no sapateiro. Sabendo da bronca que tomará e que seus pais não tem dinheiro para outro par de sapato, Ali pede para que a irmã guarde segredo sobre a perda e propõe que os dois dividam o seu único tênis, já que estudam em horários diferentes e só utilizam o calçado para ir à escola.
Filhos do paraíso mostra de uma forma extremamente cativante aventuras que só crianças conseguem causar e dramas que só adultos conseguem perceber, e também traz tudo que a maioria dos filmes árabes que eu já assisti tem: histórias simples mas criativas, atuações excelentes e uma sensibilidade única.
Esse é um dos filmes que eu indico para todo mundo, pois é praticamente impossível não se emocionar com essa história. Altamente recomendado para restaurar sua fé na humanidade.

Direção: Majid Majidi  
País: Irã
Ano: 1997
Minha nota: 9,5/10

Parte 1


Parte 2

sábado, 25 de setembro de 2021

Ruth em questão - Citizen Ruth



 Ruth, interpretada pela sempre ótima Laura Dern, é uma mulher viciada em drogas, que não tem onde morar e nem como se sustentar. Após ser presa por inalação de vapores perigosos, Ruth descobre que está grávida novamente e o juiz lhe propõe uma diminuição de pena caso ela concorde em realizar um aborto, para que seu bebê não tenha o mesmo destino de seus outros 4 filhos, que ela nem mesmo sabe onde estão.
Depois de pedir por um auxílio divino, Ruth é "ajudada" por dois grupos totalmente opostos. O primeiro é um grupo cristão conservador, que tenta manipula-la a não abortar, e o outro é um grupo pró aborto, que ideologiza a liberdade da escolha a favor do aborto. Ruth é usada como símbolo pelos dois grupos, que nunca passaram pelas coisas que ela passou e que realmente nem se importam com Ruth ou com o possível futuro do bebê, pois para eles é muito mais importante empurrar suas ideologias e brigar com quem discorda delas.  
Ruth em questão mostra pontos além dos assuntos considerados tabus que todos adoram opinar, mesmo tendo algum conhecimento pelo assunto ou não. Ele consegue exibir de forma clara e irônica toda nossa falta de empatia e de respeito com o direito à escolha das pessoas.
Essa sátira politica pode ser usada como analogia para a abordagem de intermináveis assuntos, pois aparentemente só Voltaire defende o direito de fala de algo que não concorda. Fato esse que fica cada vez mais evidente com a internet, onde eu já vi discussões por discordância de opiniões até em site de receita.

Direção: Alexander Payne
Ano: 1996
País: Estados Unidos
Minha nota: 8/10


segunda-feira, 6 de setembro de 2021

A enviada do mal - The blackcoat's daughter - February


 Kat e Rose esperam seus pais, que não foram busca-las no dia correto na escola interna em que estudam. Rose informou propositalmente o dia errado à eles, pois ela tinha que resolver algo inadiável. Já os pais de Kat simplesmente sumiram, não apareceram, não atendem o telefone e nem deram notícias. Kat começa a ter sonhos e visões de que algo ruim aconteceu com seus pais através de uma presença que começa a cerca-la, trazendo gradualmente mais visões a Kat, e mais horror a todos que ainda estão naquela escola.
Paralelamente também acompanhamos a viagem de Joan, uma jovem que tenta, sem dinheiro e até sem roupas apropriadas para o inverno do Canáda, chegar a mesma escola em que Kat e Rose se encontram. Através de seu comportamento para com o solidário homem que está a ajudando e de seus flashs de memória, nós percebemos que Joan carrega um misterioso passado sombrio, que ela nunca conseguiu deixar para trás.
A enviada do mal traz pontos de virada surpreendentes de todos os personagens e um plot twist que, mano do céu... indescritível. Na mesma época de lançamento desse filme, outros com o mesmo estilo "post-horror" (terror/suspense psicológico, com uma narrativa lenta e com ótimas direções de arte e ambientações) fizeram muito sucesso (ou foram muito criticados), o que eu acredito que apagou a merecida visibilidade que A enviada do mal merecia. 
Obs: Tô vendo que daqui a pouco só vai ter filmes da A24 aqui.
 
Destaque:
  • Destaque para a ótima atuação da (atualmente ídolo dos fãs de séries de terror adolescente da Netflix) Kiernan Shipka. A lenta evolução da atuação contida para uma garota possuída foi surpreendente.

Direção: Oz Perkins
Ano: 2015
País: Canadá 
Minha nota: 8.5/10


domingo, 8 de agosto de 2021

Daniel isn't real


 
Daniel é o amigo imaginário de Luke, que após o incentivar a fazer algo ruim é trancado e esquecido até Luke atingir a idade adulta, quando depois de um momento de crise ele o liberta acidentalmente. 
Agora, as propensões à maldade e a manipulação de Daniel evoluíram, e ele usará todos os seus recursos para dominar o Luke completamente.
Terror leve com um tom que se divide em surrealismo e psicologia, tem uma bela construção estética sombria, onde toda a iluminação e cenário foram bem escolhidos. Este poderia ser um filmaço se o roteiro tivesse se sustentado até o final, mas (pelo menos para mim) ele segue uma linha que não foi a opção mais lógica ou emocionante ao filme.
Daniel isn't real foi muito criticado pelo público, mas na minha opinião ele tem muito mais acertos do que erros. Com certeza vale a pena assisti-lo, principalmente pelas ótimas atuações dos protagonistas Miles Robbins e Patrick Schwarzenegger (sim Schwarzenegger!).
Este filme foi sugeridos por frequentadores do blog, caso você tenha uma sugestão de filme que fuja do comum e que você não acha em lugar nenhum pode deixar nos comentários.

Direção: Adam Egypt Mortimer
País: Estados Unidos
Ano: 2019
Minha nota: 7.5/10

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Sala verde - Green room

                             

A banda punk The ain't rights sai em turnê com uma caminhonete velha e poucos shows na agenda. Depois de um imprevisto eles são convidados para tocar em um bar em troca de um pequeno cachê, e mesmo avisados de que o bar é lotado de skinheads eles aceitam o convite e tocam no local. 
Já se viu numa situação em que você sabia que ia dar merda desde o começo? Essa é a sensação que você terá até o meio do filme. Pois a banda testemunha algo que eles não deveriam ter visto e são trancados em uma sala verde, e é aí que começa o verdadeiro "rolê errado". 
Caso você desconheça a briga entre os punks e os skinheads, saiba que isso ocorre há mais de 40 anos, fato que só acarreta mais tensão à situação. O clima de suspense vai crescendo gradualmente e consegue sustentar o seu ápice por quase todo o segundo e o terceiro ato do filme.
Indicado para quem não aguenta mais filmes de terror com personagens estereotipados, que fazem as piores escolhas possíveis e que só falam idiotices. 
Sala verde é mais um filme da A24, a produtora adorada pelos fãs de filmes que fujam do padrão hollywodiano de cinema.  
Aviso: Esse filme contém cenas de violência.

Diretor: Jeremy Saulnier
País: Estados Unidos
Ano: 2015
Minha nota: 8.5/10

   

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Os invasores de corpos - Invasion of the body snatchers


Super clássico da ficção científica, Os invasores de corpos traz os principais elementos para um ótimo sci-fi: uma história diferentona, suspense e muita paranoia.
Um grupo, formado por Matthew (Donald Sutherland), Elizabeth (Brooke Adams) e seus amigos, começa a investigar o estranho comportamento que a maioria das pessoas passaram a apresentar recentemente. Os habitantes da populosa São Francisco repentinamente ficaram inexpressivos, sem sentimentos e saem em grupos que ninguém sabe para onde vão e o que irão fazer. Essas pessoas inexpressivas logo começam a perseguir os que ainda se comportam normalmente, e Matthew e Elizabeth descobrem que para sobreviver em meio à esse caos, é necessário não dormir.
Os invasores de corpos é uma das minhas ficções científicas preferidas, e se você achou que conhece essa história é porque este filme é um remake do Vampiro de almas (1956), que também possui mais dois remakes e que também inspirou dezenas de outros filmes sobre invasão alienígena. Aliás, esse é um dos extremamente raros casos em que o remake é melhor que original, mesmo o anterior sendo ótimo. 

Destaque:
  • A cena final ficou tão famosa que foi homenageada em diversos filmes e séries.

Direção: Philip Kaufman
País: Estados Unidos
Ano: 1979
Minha nota: 9/10

domingo, 27 de junho de 2021

Dersu Uzala


A relação homem/natureza é profundamente questionada e refletida por um grupo de soldados russos quando, durante uma expedição na floresta da Sibéria, eles conhecem Dersu Uzala, um caçador mongol que será o novo guia da companhia. Com o passar dos dias, diante de todas as dificuldades enfrentadas pelo grupo, o respeito e a admiração pelo velho caçador aumenta imensamente, criando uma longa e profunda amizade entre o capitão e Dersu.
Baseado em uma história real, o filme narra como o caçador Derzu Uzala auxiliou soldados russos (inclusive salvando a vida de alguns deles) em uma missão para cartografar uma região cheia de florestas e desertos de gelo. É o único filme do Kurosawa filmado fora do Japão.
Eu sempre peço para que vocês deixem sugestões de filmes nos comentários e um dos diretores mais pedidos é o Akira Kurosawa, que é um dos meus diretores favoritos. Então eu resolvi postar um filme que, mesmo tendo ganhado o Oscar de melhor filme estrangeiro, não é um de seus filmes mais conhecidos ou comentados, mas que para mim é um de seus melhores.

Direção: Akira Kurosawa
Ano: 1975
País: Rússia e Japão
Minha nota: 9,5/10


quinta-feira, 27 de maio de 2021

Nó na garganta - The butcher boy

 

 Francie é um menino irlandês cujo o pai é um inveterado alcoólatra e a mãe é depressiva e vive entrando e saindo de clínicas psiquiátricas. O filme começa mostrando o início da inimizade entre ele e a senhora Nugent, fato que somado a um trágico evento fez despertar em Francie uma revolta em forma de vingança, que causará graves consequências a todos.
 A narrativa feita em primeira pessoa e com muito humor ácido deixa menos chocante a história familiar extremamente conturbada de Francie, pois vendo através de sua perspectiva podemos enxergar melhor toda a dor externalizada em forma de violência, mas que Francie enxerga apenas como uma brincadeira. 
 Os únicos comentários que eu já ouvi sobre esse filme foram de pessoas falando que não sentiram empatia com o personagens principal, mas para mim a falta de empatia nunca foi um empecilho para gostar de filme algum. Aliás, tem filmes que eu adoro e os personagens são uns babacas. Mas se você só gosta de filmes que você se identifique com o personagem, esteja avisado que muito provavelmente isso não ocorrerá aqui, pois será muito difícil (ainda bem) alguém se identificar com esse infância fodida que o garoto teve.
 Obs: Eu também já ouvi comentário de pessoas achando que o filme seria super pesado e se decepcionando. Provavelmente houve um engano em relação ao titulo original, já que o título do filme The butcher (esse realmente é pra quem tem estomago forte) é bem parecido com The butcher boy.
 Este filme foi sugerido por alguns frequentadores do blog, e caso você tenha uma sugestão de um filme que você não acha em lugar nenhum e que tenha uma história que fuja do comum, pode deixar nos comentários. 

Destaque:
  • A atuação do Eamonn Owens é o grande ponto de sustentação do filme. Todo o elenco é muito bom mas o Owens realmente é o grande destaque.
Direção: Neil Jordan
País: Irlanda
Ano: 1997
Minha nota: 8.5/10

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Nada de mau pode acontecer - Tore Tanzt

 
 Atenção: Este filme não é indicado para pessoas que se sensibilizam com facilidade. 
 Tore é um jovem epilético e ingênuo, que participa do movimento Jesus freak (que pelo que eu entendi é um movimento punk rock cristão), e que acredita que todos nós temos uma missão divina que nos será revelada no momento certo. Após auxiliar uma família com problemas no carro, Tore começa uma amizade com o patriarca Benno, que o convida para morar com eles em troca de o auxiliar com reparos e afazeres domésticos. Benno rapidamente se mostra uma pessoa sádica e violenta, o que faz Tore perceber que sua missão está relacionada àquela família e que ele deve alcança-la a qualquer custo, mesmo que para isso ele tenha que passar por torturas físicas e psicológicas.
 O filme é dividido em três partes: Fé, amor e esperança. Quem conhece o mito da caixa de Pandora sabe que depois de saírem todos os males daquela caixa, lá dentro só restou a esperança, o último e o mais terrível deles, e o último capítulo aqui se torna uma analogia perfeita ao mito.
 Tore Tanzt é constantemente ligado ao fanatismo religioso por conta de toda passividade demostrada por Tore diante das torturas sofridas, mas diante de toda crueldade demonstrada no filme, o que incomoda é a fé de um garoto que acredita que deve colocar sua vida em risco para ajudar outras pessoas?
 Entrou para o meu top 10 de filmes para destruir o psicológico, porque a expressão soco no estômago é até fraca para descrever o sentimento ao assisti-lo, principalmente depois que o filme acabou e apareceu a informação de que ele é baseado em uma história verdadeira. 

Direção: Katrin Gebbe
País: Alemanha
Ano: 2013
Minha nota: 9/10

domingo, 16 de maio de 2021

7 caixas - 7 cajas


 
Victor é um carregador de compras que sonha constantemente em aparecer na televisão. Na feira em que ele trabalha lhe é ofertado um celular com filmadora (que era uma grande novidade para época), o que o deixa fascinado, mas o seu valor é muito acima do que ele pode pagar. Victor então aceita a proposta de carregar 7 caixas pelo mercado em troca de 100 dólares, mas o que parecia ser um simples serviço se transforma em um verdadeiro inferno quando Victor, que desconhece o conteúdo das caixas, começa a ser perseguido por várias pessoas que as desejam. 
 Brincando com todos os clichês dos filmes de ação, 7 caixas exibe a grande criatividade de seus diretores e roteiristas quando consegue adaptar uma implacável perseguição em uma imensa feira do Paraguai. A ação, a comédia e o suspense se entrelaçam em um ritmo perfeito, nos deixando cada vez mais curiosos e empolgados com o filme, mas o romance realmente dá uma quebrada no clima, nada irreparável mas na minha opinião desnecessário.
 As tramas paralelas auxiliam, muito humoradamente aliás, no desenvolvimento da história, hora criando suspense, hora revelando grandes cagadas e mal entendidos que causaram toda essa confusão com as caixas. A originalidade de toda a história é realmente surpreendente. Filme super indicado para assistir caso o seu dia esteja entediante.

Destaque:
  • Destaque aos diretores Juan Carlos Maneglia e Tana Schembori que conseguiram equilibrar esse monte de personagens e gravar cenas de ação no meio de uma imensa feira lotada.
Direção: Juan Carlos Maneglia e Tana Schembori
País: Paraguai
Ano: 2012
Minha nota: 9/10


domingo, 25 de abril de 2021

Os garotos selvagens - Les garçons sauvages

 

 Se você é um frequentador do blog, provavelmente você já reparou que meu gosto para filmes é um tanto "diferente", mas este, provavelmente, é o filme mais estranho que eu assisti na minha vida. 
 Os garotos selvagens narra a história de cinco ricos, cultos e sádicos adolescentes, que após cometerem um grave crime, são enviados pelas suas famílias para um tratamento disciplinar com o capitão de um veleiro, que segundo ele consegue recuperar qualquer garoto rebelde, desde que o garoto consiga sobreviver ao processo.
 Com muito surrealismo e erotismo, o filme imerge profundamente no bizarro, filosofa sobre questionamentos sociais, como livre arbítrio, a delimitação das punições juvenis, identidade de gênero e violência. Tudo isso apresentado através de uma linda e peculiar fotografia, que faz todas as belíssimas cenas contrastarem com os maldosos e repulsivos garotos.
 Essa é uma breve sinopse que não expressa toda a excentricidade do filme afim de evitar spoilers, mas acredite, o surrealismo aqui é impressionante.

Direção: Bertrand Mandico
País: França
Ano: 2017
Minha nota: 9/10

 

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Videodrome - A síndrome do vídeo

 

 Quando o Big Brother deixa de ser o grande, totalitário e fictício personagem do livro 1984, e vira o programa mais assistido e comentado do país, vemos que já vivemos parte dos fatos descritos em livros e filmes com futuros distópicos, onde todos são vigiados e manipulados por matérias e propagandas personalizadas. 
 Max é o dono de um pequeno canal pornográfico, que por acidente capta o sinal do Videodrome, que são videos de pessoas sendo torturadas e mortas. Estes vídeos causam um fascínio em Max, que fica obcecado em descobrir quem os produz, mesmo depois de perceber que eles geram alucinações que distorcem a realidade.
 David Cronenberg novamente demonstra a obsessiva busca ao prazer a qualquer custo, através do uso das afrontas e das mesclas do artificial ao humano, mas desta vez a previsão não poderia estar mais certa: um consumo desenfreado de tecnologia que acaba por nos consumir.
 Se você nunca assistiu um filme do Cronenberg, esteja avisado de que eles sempre abordam temas bizarros, com cenas nojentas e surreais. Então se você se incomoda em ver tripas, pus, gosmas, órgãos sendo explodidos e sangue espirrando para todos os lados, é preferível que você não assista à este filme.

Direção: David Cronenberg
País: Canadá
Ano: 1983
Minha nota: 8.5

sábado, 27 de março de 2021

Repulsa ao sexo - Repulsion




 Carol (Catherine Deneuve) é uma jovem introvertida e instável, que mora com a irmã mais velha e trabalha em um salão de beleza. Quando sua irmã resolve viajar e a deixa sozinha,  Carol começa a sofrer de uma profunda depressão psicótica, que a faz ter intensas alucinações e a mantem enclausurada em seu apartamento.
 O motivo da forte repulsa que Carol sente pelos homens não é explicado, mas está bem visível nas entrelinhas do filme. A ausência de som e os enquadramentos nos reforçam a sensação de aprisionamento, seja de dentro do apartamento ou da mente de Carol.
 Eu costumo avisar quando o filme é parado, pois sei que isso desagrada muitas pessoas, e Repulsa ao sexo tem fama de ser monótono. Eu realmente não entendo essa fama, pois para mim esse é aquele tipo de filme que me prende desde o começo, mas de qualquer forma estejam avisados.
 Este é o primeiro filme da famosíssima trilogia do apartamento, que é minha trilogia preferida do cinema, juntamente com a trilogia da depressão. Ele antecede os filmes O bebê de Rosemary (1968) e O inquilino (1976). 

Destaques:
  • É impossível não notar o excelente trabalho de direção do, na época, jovem Polanski.
  • Este é um dos melhores trabalhos da Catherine Deneuve.
Direção: Roman Polanski
País: Inglaterra
Ano: 1965
Minha nota: 8.5/10



sexta-feira, 12 de março de 2021

Naufrago na lua - Kimssi Pyoroogi - Castaway on the moon



 Kim é um homem endividado que resolve se suicidar. Ele pula de uma ponte no meio de Seul e é arrastado pelas águas para uma pequena ilha desabitada onde acorda, e percebendo o ocorrido decide voltar ao continente para tentar se matar novamente. Ele tenta chamar a atenção de pessoas em barcos que passam próximo dali e com pedidos de socorro na areia, mas nada parece funcionar. Até que uma garota solitária, que vive trancada em seu quarto por anos e que tem como hobby fotografar a lua, vê o pedido de socorro deixado na areia e começa a observar, através do zoom de sua câmera, a rotina daquele misterioso homem.
 Eu confesso que achei os primeiros 15 minutos de filme bem sem graça, mas a evolução de roteiro e de ritmo foram muito surpreendentes. A inserção de outra personagem central trouxe dinamicidade ao filme, ascendendo uma pequena partícula de esperança de que os personagens possam alterar os seus prováveis destinos caso consigam se comunicar.
 Obs: Eu queria ter assistido esse filme antes da quarentena para saber se eu continuaria me identificando com os nada sociais personagens.
 Este filme foi sugerido pelo Adriano, que é um frequentador do blog. Caso você tenha uma sugestão de um filme que você não encontre em lugar nenhum e que, assim como esse, tenha uma história que fuja do comum, pode deixar nos comentários.

Direção: Hae Joon Lee
Ano: 2009
País: Coreia do Sul
Minha nota: 8.5/10


domingo, 7 de março de 2021

Thx 1138


 Em um futuro distópico as pessoas não tem mais identidade. Usam as mesmas roupas, raspam a cabeça, não tem nomes e não tem mais personalidade, já que são obrigadas a tomar medicamentos que inibem suas emoções, as deixando em um constante estado letárgico. Quando THX para de tomar seus remédios por influência de LUH, sua colega de quarto, os dois começam um romance e são descobertos e punidos pelo sistema totalitário em que vivem.
 Esse é o primeiro filme do diretor George Lucas, e apesar de ser uma ficção cientifica, não espere por naves espaciais e galáxias muito, muito distantes. Thx 1138 tem um ritmo bem lento, não tem efeitos visuais e seus cenários são salas totalmente brancas, que passam a sensação de frio e monotonia.
 A inspiração nos livros 1984 e Admirável mundo novo são evidentes, mas o filme segue uma linha bem diferente, pois enquanto os livros chocam, nos apresentando o que nossa sociedade pode se tornar e as manipulações que já vivemos, o filme consegue transmitir um total entorpecimento, como se já estivéssemos acostumados à rotina dessa unissonante sociedade.  
 
Direção: George Lucas
Ano: 1971
País: Estados Unidos
Minha nota: 7.5
 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Saint Maud


 
Eu não costumo postar filmes que foram lançados recentemente, mas como Saint Maud continua sem data de estreia prevista no Brasil, eu resolvi compartilha-lo com vocês, pois todo mundo deveria ter acesso a essa obra de arte.
 Maud é uma enfermeira muito religiosa, que em seu novo trabalho tem a função de cuidar de Amanda, uma ex-bailarina que sofre com um cancer em estágio avançado. Maud vê seu novo emprego como uma espécie de missão dada por Deus, onde o objetivo que lhe foi designado é a salvação da alma de Amanda.
 Com o passar do filme nós vemos que Maud nem sempre foi dessa forma, algo que ocorreu em seu passado a mudou drasticamente, alterando não só a sua fé como também seu modo de se comportar e de ver o mundo. Alias, o seu modo de enxergar o mundo é o que dá um grande peso ao filme, pois a sua construção sensorial nos coloca no corpo de Maud. Nós vemos tudo através de sua visão distorcida e por isso duvidamos do seu ponto de vista, de seus objetivos e principalmente de sua sanidade.
 Eu esperava há muito tempo para assistir esse filme e minhas expectativas foram superadas positivamente. Saint Maud tem uma estrutura narrativa muito original, a cenografia e a fotografia auxiliam imensamente na percepção da tensão sobrenatural, e eu poderia escrever parágrafos e mais parágrafos de elogios e reflexões sobre o filme mas eu encerarei por aqui já que quando se trata de filme sensorial e que traz elementos ambíguos, o melhor é saber o menos possível antes de assisti-lo.
 Saint Maud é um terror psicológico que com certeza não agradará a maioria, mas como eu sempre digo, saia da sua zona de conforto e tente algo novo. Você pode até não gostar do filme, mas eu garanto que esse final não sairá da sua cabeça tão cedo.

Direção: Rose Glass
Ano: 2020
País: Inglaterra
Minha nota: 9,5/10

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Deus abençoe a América - God bless America



 ALERTA: Este filme é violento, sadista, irônico e muito engraçado. Se você não possui aversão a certos aspectos de nossa atual sociedade, você provavelmente irá odiá-lo. Assista-o por sua conta e risco. 
 Frank tem uma visão sociológica e ética mais apurada que a maioria das outras pessoas, o que naturalmente o transforma em um misantropo, e SPOILER SPOILER SPOILER após descobrir que tem pouco tempo de vida e de toda sua paciência e tolerância terem sido extinguidas pela sociedade, Frank conhece uma adolescente com sérios sinais de psicopatia, que o incentiva e o ajuda a sair por aí matando pessoas extremamente mal educadas e sem nenhuma noção de civilidade; pessoas que falam alto no cinema; pessoas de religiões que não aceitem gays; extremistas conservadores; que chamam outras pessoas de feminazis e de comunistas; pedófilos; que espalham medo à população; hippies; pessoas que falam namastê e claro... pessoas que usam expressões como "na sua cara".  FIM DO SPOILER FIM DO SPOILER FIM DO SPOILER.
Se você não consegue parar de reparar em toda futilidade, no consumismo e em todo o conformismo e adaptação dos seres humanos a essa sociedade fodida, esse provavelmente se tornará um de seus filmes favoritos (assim como é pra mim). Apesar de ter alguns pequenos furos, Deus abençoe a América foi muito bem executado, tem boas atuações e uma bela trilha sonora. 
 Obs: Indicado apenas para quem não odeia South Park.

Direção: Bobcat Goldthwait
Ano: 2011
País: Estados Unidos
Minha nota: 9/10

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Hesher - Juventude em fúria



 
A família de T.J., um adolescente de 13 anos, se encontra em uma profunda melancolia devido ao recente falecimento de sua mãe. Durante este triste período, duas pessoas aparecem abruptamente em sua vida, Hesher (Joseph Gordon-Levitt), um homem agressivo e desaforado que resolve se mudar para a casa de T.J. após a garoto acidentalmente ter lhe causado a expulsão do lugar que ele havia invadido para morar, e Nicole (Natalie Portman), uma insegura e solitária mulher que salva T.J. de tomar uma surra de um garoto mais velho que vive o perseguindo. Essas pessoas trazem, respectivamente, raiva e rebeldia, amor e amizade, sentimentos esses que abalam fortemente a frustrada rotina de T.J., que parece nunca parar de piorar.
 Hesher tem uma história que seria muito simples se não fosse pelo personagem título. A falta de noção, respeito e civilidade dele contrastam intensamente com a família de T.J. e dão vida e excentricidade à sua história. O filme com certeza divide opiniões, mas vale a pena caso você goste de filme que fujam do comum e não se incomode com o politicamente incorreto.

Destaque:
  • Os destaques são as atuações do Joseph Gordon-Levitt e do Devin Brochu, que se jogam totalmente nos papeis e entregam ótimas performances.
Diretor: Spencer Susser
Ano: 2010
País: Estados Unidos
Minha nota: 8/10


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Scanners - Sua mente pode destruir

  

 O primeiro grande filme de Cronenberg e também considerado pelo mesmo o filme mais frustrante de sua carreira, o que é justificado pelos problemas de produção enfrentados durante toda a gravação, que são notáveis durante o filme mas não o atrapalharam em criar uma das cenas mais memoráveis dos anos 80.
 Scanners são pessoas com poderes psíquicos que podem incluir telecinese, leitura de memórias, controle mental e alguns possuem até o poder da implodir cabeças. A corporação ConSec tenta recrutar scanners para seus próprios interesses, mas não obtinha êxito nesses recrutamentos até encontrarem Cameron, que possui poderes surpreendentes e aceita auxiliar a ConSec para impedir que um grupo de scanners consigam alcançar seus malignos objetivos.
 Mesmo com sua falta de ritmo em algumas sequências, várias atuações meia boca e algumas situações duvidosas, Scanners se tornou um clássico cult que traz o ar nostálgico dos filmes oitentistas junto com o que todo bom filme do Cronenberg tem: ficção, estranhezas da mente humana e claro, cenas nojentas.

Destaque:
  •  O que fez toda a diferença nesse filme com certeza foi a sua maquiagem, trabalho realizado pelo pioneiro Dick Smith. 
Diretor: David Cronenberg
Ano: 1981
País: Canadá
Minha nota: 7/10

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Possessor


 

 Tasya Vos começa a ter complicações em seu serviço, que consiste em controlar a mente de uma pessoa através de um implante inserido manualmente e realizar o assassinato que foi ordenado pela misteriosa organização para qual ela trabalha. Tasya tenta esconder essas dificuldades iniciais, mas o que ela desconhece é que essas dificuldades gerarão consequências inimagináveis, que irão colocar em risco não só sua nova missão, mas também ameaçará todos a sua volta.
 Para mim esse foi o melhor filme de "terror" do ano de 2020. Cada vez mais os gêneros do audiovisual estão se mesclando e com isso trazendo obras difíceis de classificar, o que é ótimo já que, pelo menos para mim, quanto mais original e excêntrico o filme, mais interesse eu terei em vê-lo, e Possessor é um belo exemplo disso. Terror, ficção científica, suspense e psicodelia se embaralham nesse filme e causam uma inevitável e intensa apreensão, que só aumenta a cada cena.
 Possessor não é um filme para todos, além de algumas poucas cenas em que o gore rola solto, ele tem uma temática inteligentemente trabalhada dentro de uma atmosfera extrassensorial, então para gostar é necessário permitir-se imergir profundamente em seu sinistro e sensitivo clima.
 Esse filme foi pedido por alguns frequentadores do blog, caso você tenha alguma sugestão de filmes que você não acha em nenhum lugar e que tenham uma temática que fuja do comum, pode deixar nos comentários.
Aviso: Esse filme contém cenas de violência.

Destaque: 
  •  Eu queria dar destaque para todos os elementos desse filme, mas preferi destacar as ambientações e a sonoplastia. Os dois são os principais elementos na criação da tensão psicológica.

Direção: Brandon Cronenberg
Países: Canadá, Inglaterra e Estados Unidos
Ano: 2020
Minha nota: 9,5/10