segunda-feira, 24 de outubro de 2016

As virgens suicidas - The virgins suicides

  

 Filme de estreia da diretora Sofia Coppola, que já demonstrava seu talento em transpassar uma extrema sensibilidade, que de tão espessa é quase palpável.
  O filme narra a história da obsessão de um grupo de adolescentes para descobrir o motivo dos suicídios das irmãs Lisbon, que aliás já eram a obsessão deles mesmo antes de seus trágicos finais.
 O roteiro, a fotografia, o figurino e todo o resto do filme cria uma atmosfera que te faz pensar que o tempo voltou aos anos 70, e que você é só mais um dos observadores de cada movimento das irmãs Lisbon, principalmente da irmã interpretada pela Kirsten Dunst. 
 Os suicídios, que para os garotos representa o fim da inocência, a transição para o mundo adulto, pode também representar o que nunca conseguiremos alcançar. Pode ser um amor não correspondido, a lembrança de alguém que nunca voltaremos a ver, ou a estranha saudade melancólica de algo que nunca conhecemos. 
 Sofia Coppola não poderia ter escolhido um livro melhor para adaptar, pois nele tudo que é sensível em nós é exposto, tudo que tentamos esconder é revelado, somos apenas adolescentes inseguros, sentados em frente a casa dos Lisbon, esperando ansiosamente até que uma das irmãs apareça.


 Destaques:
  •  Dar destaque a direção de atores da Sofia Coppola é até redundante, já que isso também é demonstrado em seus outros filmes, mas mesmo assim é um destaque inevitável. 
  •  Um dos melhores roteiros adaptados que eu já vi, que aliás também foi escrito pela Sofia Coppola. E se está parecendo que eu puxo o saco dela é porque eu puxo mesmo.  

♥ ♥ ♥ ♥ ♥  ♥ ♥ ♥ ♥ ♥


 Direção: Sofia Coppola
 Ano: 1999
 País de origem: Estados Unidos
 Minha nota: 8.5/10


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Garota sombria caminha pela noite - A girl walks home alone at night



  Na sombria cidade de Bad City (nome descaradamente autoexplicativo), em meio a degeneração geral, vivem os dois personagens centrais: Arash e uma vampira solitária. Enquanto Arash passa seus dias trabalhando e cuidando do pai viciado, a vampira misteriosa passa suas noites atacando e assustando os decadentes cidadãos desta cidade.
  A belíssima fotografia preto e branco implementa o ar taciturno do filme, mas o destaque é a trilha sonora, porque o filme, em sua maior parte, fica emergido num clima melancólico, e é a música que diferencia as emoções demonstradas no momento.
  Todos os elementos juntos se transformaram em uma bela obra artística. Até o caso romântico dos personagens foi muito bem encaixado, e aliás, filmes de vampiros podem ter um romance e não ter referências de Crepúsculo, pois o romance está entre os vampiros cinematográficos desde Nosferatu.
  Apesar da história se passar no Irã e ser interpretada por atores Iranianos, essa mistura de terror e western foi gravada nos Estados Unidos. E mesmo trazendo elementos que parecem ter sido esquecidos dos filmes de vampiros, como a escuridão, a maldade e a falta de remorso por matar, ele consegue inovar com uma vampira que dança sozinha, escuta Lionel Richie, e que na verdade não caminha, mas anda de skate pela noite.

 Destaque:
  • O filme foi classificado como um "filme de arte" porque é impossível não reparar no trabalho perfeito de fotografia e direção de arte.

 Direção: Ana Lily Amirpour
 Ano: 2015
 Países de origem: Estados Unidos e Irã
 Minha nota: 9/10


domingo, 9 de outubro de 2016

Crash - Estranhos prazeres





 David Cronenberg novamente demonstra a obsessiva busca ao prazer a qualquer custo através do uso das afrontas e das mesclas do artificial ao humano.
 James e sua esposa tem, mesmo para as pessoas mais libertinas, preferências sexuais no minimo excêntricas, mas após sofrer um acidente automobilístico, James conhece um grupo de pessoas que sentem prazer sexual assistindo e encenando acidentes de carro, e eles cultuam cicatrizes e mutilações causadas por esses acidentes. James é automaticamente atraído pelo grupo, mas essa incessante busca a acidentes exige de James e de sua esposa uma doação emocional, que mesmo sendo excitante e prazerosa, consome muito mais do que eles imaginavam.
  Crash usa como metáfora um dos nossos instintos mais primitivos, e mesmo usando de cenas sexuais realistas a delicados e pequenos gestos provocantes, como deslizar as mãos por um para-choque acidentado ou por um volante, o filme mantem desde a primeira cena um clima extremamente sensual e perturbador, que choca até os mais imorais.


 Destaque:

  • Todas as atuações são maravilhosas, e mesmo com a sempre impecável Holly Hunter no elenco, quem mais me chamou atenção foi a Deborah Kara Unger, que consegue expressar juntamente a sensualidade e o sofrimento por ser escrava de seus prazeres.

 Direção: David Cronenberg
 Ano: 1996
 Países de origem: Canadá e Reino Unido
 Minha nota: 9.5/10