sábado, 28 de novembro de 2020

Minha irmã - L'enfant d'en Haut



 Atenção: Se você não gosta de filmes parados, não assista a este.
 Simon sobrevive através de furtos realizados em uma luxuosa estação de esqui. Ele mora com a irmã, que vive constantemente pulando de emprego em emprego e atualmente depende financeiramente de Simon, que com apenas 12 anos cumpre a função de mantenedor de sua casa.
 O filme se divide entre os dois grandes dramas da vida de Simon, o drama social, que o leva a praticar os constantes furtos, e o drama familiar, que inicialmente aparenta ser contido e até casual, até nós nos aprofundarmos em sua pequena e disfuncional família e descobrirmos que a vida de Simon é muito mais trágica do que aparenta. 
 As atuações dos ótimos Kacey Mottet Klain e Léa Seydoux são a base de apoio para essa comovente e bem escrita história, que certamente encontrou a direção perfeita nas mãos da Ursula Meier, diretora já acostumada a captar o drama e a melancolia através de silêncios, olhares e expressões de seus atores.

Direção: Ursula Meier
Ano: 2012
País: França
Minha nota: 8,5/10

domingo, 15 de novembro de 2020

As boas maneiras

 

 
Essa é mais uma ótima produção do gênero de horror/terror nacional, gênero esse que felizmente está se expandindo e conquistando aos poucos os ainda incrédulos cinéfilos repetidores da frase: Filme brasileiro não presta!
 Em As boas maneiras acompanhamos Clara (Isabél Zuaa), que começa a trabalhar de babá/enfermeira para a rica caipira Ana (Marjorie Estiano), que a contrata mesmo ainda estando grávida, para auxilia-la com a casa durante esse período de gravidez. Como Clara dorme no serviço ela começa a reparar que Ana tem estranhos hábitos noturnos, que vão se intensificando com o avançar da gestação.
 Esse é um daqueles filmes em que tudo e todos inicialmente parecem triviais, até que sutilmente percebemos que toda a normalidade dos personagens começa a criar um tom diferente, algo mais sinistro e surreal. E é no auge desse surrealismo, exatamente no meio do filme, que ocorre uma brusca passagem de tempo, isso é algo que normalmente me incomoda muito, mas em As boas maneiras isso não quebra o ritmo do filme. Quando começa a segunda parte do longa nós já sabemos a grande revelação do filme (que na verdade é obvia), mas isso não o deixa menos interessante e nem menos intrigante. 
 A ótima dupla de diretores Juliana Rojas e Marco Dutra conseguiram inserir tantos significados num suspense que mais parece fábula, que só entende literalmente quem já sentiu na pele o significado de "O mundo é diferente da ponte pra cá", inserção essa que só foi possível através do enorme auxilio dos belíssimos trabalhos de cenografia e fotografia, que construíram toda a parte visual para tornar esse conto atualmente crível.

Destaque:
  • Eu tenho ouvido muita gente falando que a Marjorie Estiano é uma das melhores atrizes brasileiras da atualidade, o que me causou muita curiosidade em assistir algum trabalho dela, e depois de As boas maneiras eu com certeza comecei a concordar com essas pessoas.
Direção: Juliana Rojas e Marco Dutra
Ano: 2017
País: Brasil
Minha nota: 8/10