quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Gato preto, gato branco - Crna macka, beli macor

  


  Vencedor do Leão de prata de melhor diretor, Gato preto, gato branco acompanha a história de Matko, um cigano trambiqueiro que mente para um mafioso idoso afim de conseguir dinheiro emprestado para investir em um golpe. Mas Matko é enganado pelo seu comparsa Dadan, que lhe rouba todo o dinheiro, e para sanar a dívida ele terá que casar seu filho, Zare, com a irmã de Dadan. O problema é que Zare está apaixonado pela neta da proprietária de um bar local, e sua avó está tentando a casar com Dadan. E no meio dessa bagunça shakespeariana ainda tem as putas festas super animadas no meio de tiroteios e bombardeios, que são bem tradicionais nos filmes do Kusturica. 
  Dá pra reconhecer que um filme foi feito pelo Kusturica logo nas primeiras cenas. As bandas, as mortes, as ressuscitações, os animais e outros montes de confusões surreais, que só ele conseguiria transformar, mesmo com um monte de clichês como mocinho, vilões e finais felizes, em um filme extremamente original.

 Destaque:
  • A construção dos personagens. Todos eles são tão carismáticos que você não sabe se torce pro vilão, pro mocinho, pro idoso ou pra anã.

 Direção: Emir Kusturica
 Ano: 1998
 País de origem: Iugoslávia
 Minha nota: 8/10



  

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Corra Lola, Corra - Lola rennt

  


 "O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? Mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade."
  Nessa frase Clarice Lispector, assim como eu, prefere acreditar que parte de nossas vidas são determinadas pelo acaso. Um atraso, uma distração ou uma pequena mudança repentina talvez possa determinar nosso futuro. E é exatamente sobre as probabilidades do acaso que Corra Lola, corra fala.
  As três histórias contadas no filme tem a mesma introdução, Lola tem apenas vinte minutos para conseguir 100 mil marcos e salvar a vida de seu namorado. O desenvolver de cada história é formado por eventualidades do acaso, um conjunto de pequenos incidentes que interferem para que Lola consiga ou não concluir o seu objetivo.
  Os cortes rápidos, as repetições que parecem ecos em nossa cabeça e os relógios que continuam rodando rapidamente transformam o filme em uma emocionantes corrida, em que ansiamos pelo destino de Lola a cada esquina virada. E para implementar nossa aflição a trilha sonora parece batidas de ponteiros imaginários contando o tempo restante de Lola.

 Destaque:
  • A edição (ou montagem), o elemento que, dependendo de como a justaposição de fragmentos é feita, pode dar um outro sentido ao filme. Menosprezada por muitos diretores, aqui se mostra o elemento mais imponente do filme, apesar de apresentar outros bons elementos é a edição inovadora que o transformou num recente clássico cult. Na verdade qualquer componente do cinema, quando genialmente bem trabalhado, como a direção da cena da cabine em Paris, Texas, o roteiro de Casablanca, que eu lembro toda vez que alguém fala em Paris e a edição da cena da escadaria de O encouraçado Potemkin, podem transformar o que poderia ser só mais um filme em memórias permanentes em nossas mentes. 

 Direção: Tom Tykwer
 Ano: 1998
 País de origem: Alemanha
 Minha nota: 9/10