terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Manderlay




 Este filme é a continuação de Dogville mas não é necessário assistir ao anterior para compreende-lo. Os dois filmes fazem parte do movimento Dogma 95, que é um manifesto contra o estilo Hollywoodiano de cinema, movimento esse que surpreende principalmente na cenografia.
 A única coisa em comum nos filmes do Lars Von Trier é o incomodo causado por todos eles. Todos nos mostram os lados mais viscerais da melancolia, da solidão, da loucura ou do desespero. Manderlay é um de seus filmes mais "amenos", mas, juntamente com Dogville, aborda temas que mudam nossa visão de sociedade, que nos aponta fatos que nunca enxergaríamos sozinhos e que desperta em nós os mais profundos traços de insociabilidade.
 O filme conta a história de Grace, que ao passar pela pequena cidade de Manderlay percebe que uma fazenda ainda mantem o sistema escravista. Inconformada com a condição daquelas pessoas, Grace resolve ficar na fazenda e regularizar essa situação com a ajuda de empregados do seu pai e de seu advogado, e com isso Grace verá que o aconselhável é só oferecer ajuda quando esta lhe foi solicitada. 
 Em Admirável mundo novo, Adouls Huxley nos mostra como o sentido da palavra felicidade é relativo, e em Manderlay vemos palavras que conhecemos tão bem, como justiça e liberdade, sendo utilizadas de formas corretas, mas com sentidos que nunca idealizamos antes. E se a vingança fosse só uma vontade sádica escondida atrás da palavra justiça? E se a suposta liberdade, por qual tantos lutaram, fosse só uma ilusão na matrix capitalista para o consumo excessivo? Manderlay não traz essas respostas, ele apenas expõe a matrix para que questionemos os conceitos que sempre tivemos, assim como todo bom filme do Lars Von Trier, que também demonstra como nós construímos teias formadas por fios de ilusões amenizadoras, para não cairmos no infinito vácuo da misantropia.


Diretor: Lars Von Trier
Ano: 2005
Países de origem: Dinamarca, Suécia, Holanda e França
Minha nota: 8.5/10

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Delicatessen




 Em um futuro extremamente distópico, o que mais importa é conseguir comida. Grãos viraram dinheiro e a carne de vaca, frango e porco estão extintas, o que leva os sobreviventes a recorrerem a opções um tanto exóticas para substituir tal proteína.
 Uma parte da população adotou a ideologia "junte-se a um grupo ou seja devorado sozinho", e o grupo apresentado pelo Delicatessen é comandado pelo açougueiro, que cobra uma quantia de grãos em troca de um apartamento em seu prédio e por carne. O açougueiro atrai pessoas com falsas oportunidades de emprego e depois os transforma na nova refeição de seus inquilinos. O problema é que a filha do açougueiro acaba se apaixonando pela nova presa do pai, um ex-palhaço que faz reparos no prédio, e ela recorrerá a outro grupo para tentar salvar a pele (literalmente) de seu amado.
 Comédia de humor negro bem irreverente, que não agrada grande parte do público assim como vários filmes do Jeunet e do Marc Caro, acredito que por conta de toda a excentricidade e originalidade demonstrada em seus filmes, mas como diria Caetano: "é que Narciso acha feio o que não é espelho", então se você prefere filmes realistas, provavelmente não irá conseguir viajar junto com a maravilhosa ideia surreal do filme.

Destaque:
  • A direção de arte do Caro é sempre genialmente original, os enquadramentos, o cenário, e também a paleta de cores que consegue nos fazer imaginar sensações, como sufocamento, nojo e alegria são verdadeiras aulas de cinema.
Direção: Jean- Pierre Jeunet e Marc Caro
Ano: 1991
País: França
Minha nota: 8.5/10




quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Disque M para matar - Dial M for murder

  


 O crime perfeito, Hitchcock os criava apenas para mostrar que eles só existem nos livros, pois a vida real é cheia de eventualidades do acaso, que interferem causando deslizes nos aparentemente impecáveis delitos.
 Um ex-tenista profissional casa-se por interesse com uma mulher rica, interpretada pela deslumbrante, extremamente charmosa, belíssima e que tinha o sorriso mais fofo de Hollywood, Grace Kelly. Ele decide mata-la após perceber que a esposa já não o ama e que está tendo um caso amoroso com um escritor famoso, pois assim ele receberia toda sua fortuna. Ele elabora um "crime perfeito", chantageando um ex-colega de faculdade para assassina-la, mas nem tudo sai como planejado, e o crime perfeito transforma-se em um crime ainda mais perfeito do que ele havia planejado.
 Quando o assunto é Hitchcock as opiniões sempre se dividem, tem gente que acha que seus filmes são datados, que todos tem a mesma fórmula e que ele era um babaca, mas pra mim ele ainda é o mestre do suspense. Muitos filmes nos emocionam, nos fazem rir, nos deixam com medo, mas poucos nos fazem ficar tensos, torcendo pelos personagens, com a mão no peito, gritando para a tv: "não entra aí, idiota". A aflição causada pelo suspense é o resultado de que a direção acertou no resultado final do filme e não existe um diretor que acertou mais nesse quesito que o Hitchcock. 
 Disque M para matar foi considerado pelo seu próprio diretor um dos filmes insignificantes de sua filmologia, o que é estranho é que ele é considerado pela critica uma de suas obras primas, para mim ele é um de seus três melhores filmes, junto com Janela indiscreta (que também tem a Grace Kelly) e Festim diabólico (que não tem a Grace Kelly mas a história é ótima).

Destaque:
  • Hitchcock tinha uma famosa obsessão por enquadramentos de câmeras (e por degraus) e em Dique M para matar, que é um filme com muitos diálogos constantes, a importância dos enquadramentos é extrema. Se não houvesse uma dinamicidade nos enquadramentos o filme provavelmente se tornaria monótono por se passar dentro de um apartamento e não ter quase nenhuma cena de ação, e isso o tornaria só mais uma boa história que caiu nas mãos do diretor errado.
Direção: Alfred Hitchcock
Ano: 1954
País: EUA
Minha nota: 9/10


sábado, 21 de setembro de 2019

Sr. Ninguém - Mr. Nobody


 O filme conta a história de Nemo Nobody, que alega que antes de nascermos nós nos lembramos de todo nosso passado e também de nosso futuro, mas um pouco antes do nascimento um anjo passa o dedo em nossa boca e com isso esquecemos de tudo. O que difere a história de Nemo das outras pessoas é o fato de que o anjo se esqueceu dele, e após seu nascimento ele continuou se lembrando de seu passado e futuro.
 Apesar da maior parte do filme ser composta por memórias (falsas e reais) de Nemo numa época atual, Mr. Nobody se passa em 2092, e como no futuro ninguém mais morre de morte natural, Nemo se torna o último mortal, e diante de tal fama a maior curiosidade da atual população terrestre é saber como viviam os humanos mortais. Nemo concorda em compartilhar suas lembranças mas a grande questão do filme é que por ele se lembrar de seu futuro, suas memórias se dividem entre as reais e as que poderiam acontecer, dependendo de suas escolhas.
 A estrutura do filme é formada por abordagens filosóficas sobre a teoria das cordas e do efeito borboleta, pois já que vivemos nessa realidade nós vemos o tempo como se estivéssemos andando de costas em uma linha reta, nós só vemos por onde já passamos, mas nosso futuro, ou seja, por onde ainda passaremos, é imprevisível, já que o simples bater de asas de uma borboleta pode mudar o curso de nossa vida. Diante de tal teoria, Nemo sente dificuldade em tomar decisões, pois enquanto ele não escolhe tudo permanece possível, mas após a escolha só resta viver nessa realidade que optamos às cegas.
 Mr. Nobody tem alguns problemas de ritmo, principalmente nas histórias da adolescência de Nemo e de seu romance com Anna, com tantos desencontros que beiram romances entediantemente clichês (mas como para mim um romance bom é Bonnie e Clyde, talvez vocês tenham outra opinião). A duração do filme também não ajuda, poderia tranquilamente ter meia hora a menos, mas apesar dos pontos negativos o filme vale a pena por seu distinto enredo que filosofa e entrelaça teorias da física ao gnosticismo e também pelas ótimas ambientações, que nos auxiliam a compreender que parte de qual vida do Nemo estamos assistindo.
 Obs: Sempre me pergunto se o nome do Nemo foi inspirado no Capitão Nemo, um dos personagens mais interessantes da literatura. Faria sentido já que os dois vivem fora da realidade humana (cada um a seu modo) e apesar de famosos, ninguém sabe de onde vieram.

Direção:Jaco Van Dormael
Ano: 2012
Países de origem: Bélgica, França, Canadá, Alemanha
Minha nota: 7.5/10





terça-feira, 20 de agosto de 2019

A lenda do pianista do mar - La leggenda del pianista sull'oceano



 Mil e novecentos foi achado em cima do piano de um navio quando era um bebê, como ele estava sem roupas ou nada que pudesse o identificar, foi-lhe dado o nome do ano em que nasceu. O trabalhador da sala de carvão do navio que o achou, para tentar protege-lo dos horrores que um órfão passa, o ensinou tudo de modo invertido, criando em Mil e novecentos a ideia de que o mundo fora do navio é extremamente confuso e sem sentido. Com o passar dos anos ele se torna um exímio pianista, que atrai até famosos artistas de jazz, mas como Mil e novecentos nunca saiu e nem pretende sair do navio, seu público se restringe apenas a europeus que imigraram para os Estados Unidos e ele ganha a fama de ser uma mera lenda de um pianista que nasceu, cresceu e ainda mora no mesmo navio, sem nunca ter colocado os pés em terra firme.  
 O diretor Giuseppe Tornatore conseguiu novamente, depois de Cinema Paradiso (1990), mesclar fantasia e  realidade com um equilíbrio uniforme, que nos faz não ter ideia se toda ou pelo menos se alguma parte da lenda de Mil e Novecentos era verdadeira. Mil e Novecentos é um dos personagens mais interessantes do cinema, sua história, seus talentos e sua personalidade ultrapassam o limite da nossa compreensão, mas os seus medos são muito reais e comuns. Provavelmente por conta das mentiras contadas pelo seu pai adotivo para faze-lo não tentar ir para a terra firme (já que ele nunca possuiu nenhum tipo de documento e por ser órfão), Mil e Novecentos criou um medo de mudanças. Ele não consegue se arriscar a descer do navio e conhecer tudo o que já ouviu sobre o mundo, o que contrasta drasticamente com as pessoas a bordo do navio, que largaram tudo para trabalhar em alto mar, ou pessoas que atravessaram o oceano rumo a uma terra desconhecida, na tentativa de encontrar algo que não possuem. E é através dessas pessoas, que contam as histórias de suas vidas e exibem as mais diferentes lembranças e ambições, que Mil e novecentos conhece cada cidade tão bem quanto seus habitantes, cada rua, cada bar, cada sinal trazido pela mudança das estações, ele vive como se tivesse conhecido o mundo todo já que conhece cada canto do mundo através dos olhos de seus nativos.

Destaque:

  • A trilha sonora e a direção andam lado a lado neste filme. Em várias cenas o ritmo do filme é acompanhado pela música e a escolha perfeita para um compositor que entrelaçasse as composições às cenas foi o Ennio Morricone, que criou a harmonização perfeita da direção com a música.

Direção: Giuseppe Tornatore
Ano: 1998
País: Itália
Minha nota: 8.5/10



sexta-feira, 12 de julho de 2019

A parede - Die wand


 


 Uma mulher que vive há anos em uma casa na montanha, isolada da sociedade, começa a escrever suas memórias desde que chegou àquela casa, e percebemos que a mulher que parecia ser uma misantrópica depressiva, na verdade é uma prisioneira de algo surreal. 
 Tudo começou quando a mulher e um casal de amigos foram passar alguns dias na casa e logo após chegarem o casal resolve ir até o vilarejo mais próximo. Quando a mulher acorda no dia seguinte e percebe que o casal ainda não voltou ela resolve ir até o vilarejo, enquanto caminhava a mulher bate em algo no meio da estrada e quando ela estende as mãos percebe que existe uma espécie de barreira invisível, como uma vidraça, interrompendo o caminho. Nos dias seguintes suas tentativas de atravessar a parede invisível são substituídas pelos seus planos de sobrevivência, ela percebe que não haverá nenhum resgate pois, inexplicavelmente, o mundo do outro lado da parede já não existe mais.
 A parede é um filme diferente de tudo o que você já viu, ele nos traz muitas reflexões sobre o existencialismo e remonta a visão homem-natureza que possuíamos. É como se esse lugar a qual a mulher ficou presa se equiparasse a um lugar dentro de nós, um lugar que foi esquecido por conta da nossa convivência em sociedade e que´pode ser muito bem descrito pela frase no cartaz do filme: "Dentro de cada um de nós encontra-se uma verdade que só o deserto pode revelar".

Diretor: Julian Roman Pösler
País: Áustria
Ano: 2012
Minha nota: 8/10

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Coerência - Coherence




 Coherence é uma espécie de filme-quebra-cabeça, e como é incrivelmente difícil falar sobre ele sem entregar nenhum dos enigmas do filme, eu tentarei ser bem objetiva. Na noite em que um cometa passará a uma pequena distância da terra, um grupo de oito amigos se reúne na casa de um deles para um jantar. De acordo com boatos que todos eles ouviram, acontecem coisas no mínimo "estranhas" quando um cometa está próximo, e por conta disso o aconselhável é não sair de casa durante a noite. Ocorre uma queda de energia e todos os amigos percebem que também não possuem sinal no celular, eles notam que uma casa que fica no final da mesma rua ainda possui energia elétrica, e como o irmão de um deles é especialista em astronomia, alguns dos amigos resolvem ir até a casa para poder entrar em contato com esse irmão... e é aí que tudo se fode.
 A história central se baseia no fato de que o cometa abriu um portal interdimensional que te dá acesso a outras diversas realidades alternativas, e como Coherence ainda conta com alguns paradoxos quânticos como o gato de Schödinger e buracos de minhoca, você precisa ter um certo conhecimento de teorias da física ou em filmes de nerds para conseguir compreende-lo, e quando eu digo nerd eu quero dizer filmes tipo Primer (filme que eu postarei em um futuro próximo aqui no Nostromo) e não filmes de super heróis.
 Obs: Se você não entendeu Donnie Darko ou A origem, meu conselho é que você não perca seu tempo assistindo a esse filme, pois ele está num grau de complexidade que eu só vi em pouquíssimos filmes, que aliás não fizeram sucesso porque ninguém os compreendeu.

Destaque:
  • É claro que o roteiro, que conseguiu sustentar todas as teorias e reviravoltas, é o grande destaque do filme, mas o trabalho de edição teve uma grande importância na facilitação da compreensão de Coherence. É feita uma fragmentação dos fatos que diferenciam uma realidade da outra, e a edição conseguiu encaixa-los em momentos perfeitos para que nós entendêssemos alguns pontos, mas ainda continuássemos suspeitando da nossa compreensão. 


Direção: James Ward Byrkit
Ano: 2013
País: Estados Unidos
Minha nota: 9.5/10


quarta-feira, 19 de junho de 2019

2 coelhos




 Edgar, que passou a vida toda como o desajustado da sociedade, percebe que também não se encaixa no mundo corporativo, e através de conhecimentos tecnológicos adquiridos durante sua vida de nerd, ele bola um plano para matar dois coelhos com uma cajadada só. Um acidente causado por um ato irresponsável de Edgar no passado lhe deu a ideia de um plano para acabar com um esquema de corrupção e também com uma quadrilha, e de sobra ainda lucrar uma grana com isso.
 Não se engane pelos atores globais, 2 coelhos passa bem longe dos habituais filmes nacionais, aliás todo o elenco é muito bem utilizado e muito bem dirigido pelo na época estreante Afonso Poyart, que foi muito criticado pela "americanização" de 2 coelhos, já que várias cenas são montadas no esquema de videoclipe, tem cenas com animações, desenhos e videogames e também tiroteios e explosões. Críticas essas que para mim são ridículas, como se só filmes americanos pudessem ter cenas de ação e nerdices, como se na nossa realidade também não existissem nerds e violência urbana.
 A história não-linear é o ponto alto do filme, pois vemos gradativamente toda a criação do plano de Edgar enquanto também acompanhamos sua execução, então, pra quem costuma reclamar que filme nacional é tudo igual, 2 coelhos é uma ótima amostra da inovação que vem crescendo nos filmes brasileiros na última década. 

 Destaque:

  • Destaque para a trilha sonora inusitada, e para mim essa música do Radiohead deveria ser obrigatória no final de todos os filmes.

 Direção: Afonso Poyart
Ano: 2012
País: Brasil
Minha nota: 8/10


terça-feira, 30 de abril de 2019

Adaptação - Adaptation




  Normalmente nós escolhemos assistir a um certo filme por que é de um diretor ou tem um ator que gostamos, o que ocorre com o Charlie Kaufman é algo, no mínimo, inusitado. Um roteirista, que é apenas um roteirista (e não como Woddy Alen e o Tarantino que são roteiristas mas também dirigem os filmes), que além de ser considerado umas das pessoas mais influentes de Hollywood também possui milhares de admiradores.
  Em Adaptação, Kaufman, utilizando a si próprio metalinguisticamente, é um famoso roteirista de Hollywood que está com um bloqueio criativo para conseguir adaptar um livro, que fala sobre adaptação de orquídeas, para o roteiro de um filme. Kaufman, acostumado a escrever roteiros mirabolantes, não consegue adaptar um livro que fala sobre adaptação, e recorre a métodos alternativos, e anteriormente condenáveis por ele mesmo, para conseguir retomar seu senso criativo.
  Se você já assistiu algum filme escrito pelo Kaufman você compreenderá mais facilmente que ele utiliza metáforas e a metalinguagem para questionar a consciência humana. Neste filme é apresentado o fato de que para evoluir é necessário se adaptar, independentemente se você é um tímido roteirista de sucesso, que precisa passar por um difícil processo de adaptação, através de experiências comportamentais, para sobreviver as cotidianas rotinas da vida humana, ou se você é uma rara orquídea, que passa por um simples processo de adaptação para sobreviver a qualquer ambiente diante da dinâmica vida selvagem. 
  Obs: O filme não segue uma linha temporal linear, foi dirigido pelo Spike Jonze e escrito pelo Charlie Kaufman, acho que não é necessário mas mesmo assim eu vou enfatizar que ele é complexo pra caralho. 

 Destaque:
  • Achei que seria muito redundante destacar o roteiro já que praticamente a resenha toda eu falei sobre ele, então darei destaque a direção. Jonze faz uma direção concisa e discreta, deixando o roteiro ser o maior destaque do filme, suas construções de cena, com uma fotografia escura e cenários desinteressantes refletem claramente a personalidade do personagem central. 
 Direção: Spike Jonze
 Ano: 2002
 País: Estados Unidos
 Minha nota: 8.5/10



domingo, 7 de abril de 2019

Sob a pele - Under the skin



  Existem complexas sensações que conseguem ser comprimidas em um curto espaço de uma única palavra, como as palavras angústia e epifania, no caso deste filme vemos, compactados em uma hora e quarenta e oito minutos, toda a totalidade do vazio existencial que se esconde sob a pele dos seres, que podem ser humanos ou não.
  Laura (Scarlett Johansson) é uma alienígena que caça homens. Ela vagueia pelas ruas da Escócia procurando presas fáceis, como homens solitários, e os leva para sua "casa", que consiste em um extenso cômodo onde só existe uma imensidão preta, e lá ela os prende durante algum tempo em uma espécie de piscina negra, e depois eles são sugados, sobrando apenas suas peles.
  Não espere encontrar explicações ou respostas neste filme, ele não é como sci-fis americanos que explicam mastigadamente, biologicamente e fisicamente os alienígenas e o motivo pelo qual vieram, Sob a pele é uma experiência extrassensorial, cheia de questionamentos existenciais e com um estranho charme bizarro, que é claramente refletido pela Scarlett Johansson. 
  Obs1: Eu sempre informo quando o filme é monótono pois sei que a maioria das pessoas não gostam de filmes com poucas falas e muitos planos sequências, faço isso pois adoraria que em todo site tivessem avisos sobre os filmes que me fariam desistir de assisti-los, como: comédia romântica disfarçada de drama, terror com adolescentes idiotas, muitas cenas de tiros e lutas. Se eu entendesse mais de formatação colocaria letras e setas piscando para deixar bem claro que esse filme é muito parado e que provavelmente não é uma boa ideia você assistir só porque a Scarlett Johansson aparece nua. Então se você não gosta de filmes monótonos não assista a esse.
  Obs2: Sempre achei que Sob a pele parece a continuação de Ex-machina, outro filme obrigatório para nerds fãs de sci-fi.

Destaques:

  • A belíssima e esquisitíssima direção de arte, que lembram as ficções científicas inglesas, dos anos 70.
  • A Scarlett Johansson foi a escolha perfeita para o papel, nunca pensei que acharia uma alienígena que devora homens estonteantemente sexy.


Direção: Jonathan Glazer
Ano: 2014
País: Escócia
Minha nota: 9/10


sábado, 16 de março de 2019

O ladrão de sonhos - La cité des enfants perdus



    O filme se passa em um nebulosa e surreal Paris, onde o pequeno irmão de One (Ron Pealrman) é sequestrado por uma excêntrica seita que tem como objetivo sequestrar crianças para entrega-las a um cientista, que através de curiosos métodos entra em seus sonhos e tenta capturar-lhes a essência do sonhar para poder introduzi-la nele mesmo, já que ele tem a incapacidade de sonhar. Plano esse que nunca dá certo, já que com sua feição ele só consegue causar pesadelo nas pobres crianças.
  Lembro de ter assistido ao filme quando criança e na minha lembrança o filme parecia ser todo composto por sonhos, ao reassisti-lo eu percebi que propositalmente o filme todo parece um sonho. Os cenários e a fotografia criam uma atmosfera fantasiosa e a variação das cores, principalmente do verde ao vermelho conseguem representar a lenta transformação de um lindo sonho colorido em um terrível pesadelo sombrio. 

  Destaque: 
  •  O diretor Jean-Pierre Jeunet sempre apresenta filmes com ótimas e esquisitíssimas direções de arte e em O ladrão de sonhos esse é o ponto alto.

Direção: Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro
País: França
Ano: 1995
Minha nota: 8/10