terça-feira, 20 de agosto de 2019

A lenda do pianista do mar - La leggenda del pianista sull'oceano



 Mil e novecentos foi achado em cima do piano de um navio quando era um bebê, como ele estava sem roupas ou nada que pudesse o identificar, foi-lhe dado o nome do ano em que nasceu. O trabalhador da sala de carvão do navio que o achou, para tentar protege-lo dos horrores que um órfão passa, o ensinou tudo de modo invertido, criando em Mil e novecentos a ideia de que o mundo fora do navio é extremamente confuso e sem sentido. Com o passar dos anos ele se torna um exímio pianista, que atrai até famosos artistas de jazz, mas como Mil e novecentos nunca saiu e nem pretende sair do navio, seu público se restringe apenas a europeus que imigraram para os Estados Unidos e ele ganha a fama de ser uma mera lenda de um pianista que nasceu, cresceu e ainda mora no mesmo navio, sem nunca ter colocado os pés em terra firme.  
 O diretor Giuseppe Tornatore conseguiu novamente, depois de Cinema Paradiso (1990), mesclar fantasia e  realidade com um equilíbrio uniforme, que nos faz não ter ideia se toda ou pelo menos se alguma parte da lenda de Mil e Novecentos era verdadeira. Mil e Novecentos é um dos personagens mais interessantes do cinema, sua história, seus talentos e sua personalidade ultrapassam o limite da nossa compreensão, mas os seus medos são muito reais e comuns. Provavelmente por conta das mentiras contadas pelo seu pai adotivo para faze-lo não tentar ir para a terra firme (já que ele nunca possuiu nenhum tipo de documento e por ser órfão), Mil e Novecentos criou um medo de mudanças. Ele não consegue se arriscar a descer do navio e conhecer tudo o que já ouviu sobre o mundo, o que contrasta drasticamente com as pessoas a bordo do navio, que largaram tudo para trabalhar em alto mar, ou pessoas que atravessaram o oceano rumo a uma terra desconhecida, na tentativa de encontrar algo que não possuem. E é através dessas pessoas, que contam as histórias de suas vidas e exibem as mais diferentes lembranças e ambições, que Mil e novecentos conhece cada cidade tão bem quanto seus habitantes, cada rua, cada bar, cada sinal trazido pela mudança das estações, ele vive como se tivesse conhecido o mundo todo já que conhece cada canto do mundo através dos olhos de seus nativos.

Destaque:

  • A trilha sonora e a direção andam lado a lado neste filme. Em várias cenas o ritmo do filme é acompanhado pela música e a escolha perfeita para um compositor que entrelaçasse as composições às cenas foi o Ennio Morricone, que criou a harmonização perfeita da direção com a música.

Direção: Giuseppe Tornatore
Ano: 1998
País: Itália
Minha nota: 8.5/10



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