domingo, 22 de novembro de 2015

Cashback - Bem vindo ao turno da noite



  Ben tem um poder especial que pode ser interpretado de dois modos, ou ele consegue congelar e diminuir a velocidade do tempo por alguns momentos, ou ele tem uma visão extremamente atípica sobre o tempo. Ele usa esse poder para se distrair no seu trabalho noturno em um supermercado, trabalho o qual resolveu arrumar para ocupar seu tempo durante suas noites de insônia. Ben aproveita o seu poder para congelar momentos e captar sua beleza, as pintando ou as observando de diversos ângulos, seja a beleza das expressões dos olhares da operadora de caixa ou de seres inanimados, como um saco de ervilhas aberto no chão.
  Diferentemente da maioria dos filmes postados neste blog, Cashback não faz uso de metáforas, paráfrases ou simbolismos. É um filme objetivo que conta a história de um rapaz que não sabe o que fazer com o tempo, o que é irônico já que tempo, graças ao seu "dom", é o que mais lhe sobra.


Destaques:

  • O filme consegue mostrar uma apreciação da beleza da nudez feminina sem um contexto sexual.
  • O cenário do supermercado foi usado de uma forma visualmente muito expressiva e bonita, parece até uma sequência de pinturas modernas.  


 Direção: Sean Ellis
 Ano: 2006
 País de origem: Inglaterra
 Minha nota: 8.5/10

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Quadrilha de sádicos - The hills have eyes


  Esse filme tinha tudo pra ser ruim, tinha tudo pra ser um filminho trash qualquer, mas o diretor Wes Craven conseguiu transformar esse poço de clichês em um puta clássico do terror. 
  O filme conta a história de uma família que está viajando de trailer pelo deserto americano e o carro quebra, alguns saem pra procurar ajuda e os que esperam ainda não sabem, mas estão sendo observados por outra família, só que bem diferente da deles.
  Esse filme de baixo orçamento tem algumas atuações ruins, tem sangue extremamente falso (que era comum nos anos 70) e os diálogos te deixam na dúvida de qual é a família menos inteligente, mas quando começa a luta pela sobrevivência, você percebe que o suspense compensa qualquer outra limitação que o filme teve, e as longas sequências conseguem manter a tensão até o último segundo de filme. Um dos poucos filmes que eu realmente considero como suspense.
  O filme tem um remake de 2006, chamado Viagem maldita, que ficou muito bom, o que é muito raro em remakes de terror.   


Destaque:

  • Essa história até nos parece um pouco absurda, mas por mais incrível que pareça ela foi baseada em uma história real. 
 Direção: Wes Craven
 Ano: 1977
 País de origem: EUA
 Minha nota: 7.5/10

  

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Nostalgia - Nostalghia



  Este filme conta a jornada do poeta russo Andrei Gorchakov, que está na Itália para escrever a biografia de um músico, também russo, que foi enviado para Itália, mas tomado pela nostalgia voltou à sua terra natal. Já na primeira cena você vê que Gorchakov não encontra mais sentido nas coisas, já não vê beleza em nada e se isola cada vez mais, até conhecer Domenico, um homem intitulado como louco pelos outros habitantes locais, mas Gorchakov enxerga nas palavras de Domenico o sentido e a lucidez que as outras pessoas nunca tiveram. 
   Essa história é uma paráfrase ao que o diretor Tarkovski passou durante seu exílio na Itália, pois tanto Gorchakov, quanto Tarkovski não se adaptaram a outras culturas, talvez por serem muito apegados as suas raízes. Parece que a distancia em que Gorchakov se encontra de seu país o levou a se distanciar a tudo em sua volta, o levou a mergulhar numa profunda nostalgia.


Destaques:
  • A fotografia mais perfeita da história do cinema. Seja nas banheiras naturais, nas paisagens nebulosas ou nos flashbacks em preto e branco. Toda cena consegue captar uma beleza impressionante, tanto em lugares fechados como em cenas da natureza, com belas estruturas ou aparentemente abandonadas.
  • A última cena mostra apenas uma imagem (foto acima), mas o sentido dela dá ao filme um final totalmente inesperado.

Direção: Andrei Tarkovski
País de origem: Itália
Ano:1983
Minha nota: 9.5/10


terça-feira, 10 de novembro de 2015

Valerie e sua semana de deslumbramentos - Valerie e týden divu


  Esse filme é uma grande metáfora sobre o despertar sexual de Valerie, uma garota de 13 anos, que mora com a sua suposta avó. A semana de deslumbramentos começa com Valerie tendo sua primeira menstruação, que coincide com a chegada de um grupo circense trazendo personagens muito bizarros, que mais parecem personagens de um conto do Marquês de Sade. E como nesse filme tudo é o que aparenta ser, a única pessoa realmente pura é a própria Valerie, que enfrenta tentativas de coação sexual o filme todo. As roupas sempre pretas dos vilões contrastam com a fotografia que tem sempre muita luz, deixando a história menos sombria, mas não menos surreal. Aliás, tudo é tão surreal que dá a impressão que Valerie acordará a qualquer momento e perceberá que tudo não passou de um sonho semi-erótico. 
  Recomendado pra quem curte um surrealismo e tem a mente aberta para filmes com contextos sexuais um tanto excêntricos.

Destaque:
  • Os personagens são muito bem construídos e nos dão várias visões de suas personalidades.


   Direção: Jaromil Jires
  País de origem: República Tcheca
  Ano: 1970
  Minha nota: 8/10


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O Jardim - Zahrada



  Surrealista e filosófico, este filme nos leva lentamente para fora da realidade. Após ser expulso da casa do pai, Jakub resolve passar uns dias na casa do avô, mais especificadamente no jardim. Por lá passam personagens inusitados, como São Benedito, Rosseau e Wittgenstein, e quando Jakub começa a seguir seus conselhos, começa a dar mais sentido a sua vida.
 Vamos nos acostumando aos poucos com o jardim, que parece um lugar perdido no meio do País das maravilhas, onde o surrealismo é apenas uma realidade que ainda não conhecemos.


Destaque:

  • O clima onírico faz o filme parecer uma fábula que não tem lição de moral no final, pois tudo nele é uma reflexão surrealista sobre a vida.

     Direção: Martin Sulík
  País de origem: Eslováquia
  Ano: 1995
  Minha nota: 8/10




quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Rosetta



  É um filme duro, cru. Que mostra uma realidade difícil, cheia de eventualidades do acaso. Ele tem poucos diálogos e não tem trilha sonora, escutamos apenas o que Rosetta escuta, e por ser solitária o silêncio reina no filme. Em algumas cenas só sabemos o que acontece ao redor pelo som ou pela reação de Rosetta, pois a câmera fica fixa o tempo todo nela. O filme não poderia ter um título melhor, ele só mostra Rosetta, sua triste rotina, sua solidão, sua melancolia, suas tentativas de mudar, ali o que importa é Rosetta.
  Rosetta tenta de todos os modos ter uma vida normal, que pra ela começa com ter um emprego fixo, ela também tenta fazer a mãe, com quem mora em um acampamento de trailers, tratar o alcoolismo. Ela diariamente sai a procura de emprego, os quais nunca consegue manter por muito tempo por motivos variados. Em diversas cenas Rosetta é impulsiva e orgulhosa, mas o filme é tão bem preenchido em todos os aspectos, que não sobra espaço para nosso julgamento.

 Destaques:


  • A atuação da atriz que interpreta Rosetta (Emilie Dequenne), que ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes por esse papel.
  • Os longos planos sequências, os close-ups e a câmera na mão são uma aula de como fazer cinema.

   Direção: Jean Pierre e Luc Dardenne
 País de origem: Bélgica
 Ano: 1999
 Minha nota: 9.5/10


domingo, 1 de novembro de 2015

Crimes Temporais - Los Cronocrímenes



  Ficção com um enredo impressionante e sem efeitos especiais. O baixo orçamento é notável, mas isso não o prejudicou em nada.
  Crimes temporais conta a história de Hector, que ao tentar investigar uma estranha cena nos arredores de sua casa é atacado, ele foge e encontra um cientista, que com o suposto intuito de ajuda-lo o esconde em seu experimento. Quando Hector sai do experimento  percebe que voltou uma hora no tempo. Aí a história fica complexa, porque Hector percebe que existe um outro Hector que vive o que ele viveu uma hora atrás.
  Fugindo totalmente dos clichês, esse é aquele tipo de filme que nós nunca conseguimos ter uma ideia do que vem a seguir. Meu filme preferido sobre viagem no tempo.
  Indispensável para fãs de Sci-Fi.

 Destaque:
  • As sequências não-lineais foram montadas de uma forma inteligentíssima   

Direção: Nacho Vigalondo
Ano: 2007
País de origem: Espanha
Minha nota: 9/10


Paisagem Na Neblina - Topio Stin Omichli

                                 


  Uma história muito triste contada com uma sensibilidade extrema, e de uma forma tão leve que consegue se transformar em um belissímo filme.
  O filme mostra Voula e Alexandro, dois irmãos de 11 e 5 anos, que fogem de casa e vão a procura do pai. Eles viajam tentando se esconder em trens e pegando carona, sobrevivem da bondade de algumas pessoas e sofrem com a maldade de outras. Lá pro meio do filme dá pra notar que os personagens centrais já não são mais os mesmos, a estrada os amadureceu, parece que achar o pai é um objetivo que ficou junto com a inocência, parece que o importante agora só é continuar.
 Eu resolvi assistir esse filme pelo título, pois eu adoro filmes com fotografias nebulosas e me surpreendi. Toda cena é impressionantemente bem feita, bem escrita e bem dirigida. Os discretos toques de fantasia fazem parecer que estamos vendo o filme através dos olhos de Voula e de Alexandro.
  Último filme da trilogia do silêncio de Theo Angelopoulos.


 Destaques:

  • A sutileza do roteiro
  • A fotografia, com muita neve e neblina, é a minha segunda preferida. 



  Direção: Theo Angelopoulos
  Ano: 1988
  Países de origem: Grécia/ França/ Itália
  Minha nota: 9/10