quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Devorar - Swallow

 


 Se eu listasse os filmes que me fizeram refletir por dias, Devorar com certeza apareceria entre os 10 primeiros. Até agora é o melhor filme que eu assisti no ano de 2020, e eu duvido que eu veja algo mais surpreendente do que ele nesses últimos meses do ano. Eu acredito que quanto menos você souber sobre a sinopse melhor será a sua experiência ao assisti-lo, então eu darei uma breve descrição, que você não deveria ler se pretende assistir ao filme, mas se você é daqueles que precisa saber de que se trata para criar o interesse em vê-lo, eu tentarei ser o menos spoilerenta o possível.  
 Hunter se casou recentemente com um jovem executivo que trabalha na empresa do pai e lhe dá tudo o ela deseja, materialmente falando. Seus dias consistem em deixar tudo irritantemente impecável em casa, jogar joguinhos de celular, desenhar, ser constantemente ignorada pelo marido e sogro e acatar os conselhos conservadores da sogra. Após ficar grávida indesejavelmente (para ela pelo menos), Hunter desenvolve a Síndrome de Pica, que causa uma incontrolável vontade de comer objetos que não tem valores nutritivos e que, no caso de Hunter, são objetos perigosos, que colocam em risco sua vida.
 Toda a analogia que pode ser dada à palavra engolir (swallow) é utilizada nesse filme, Hunter não engole apenas objetos perigosos, ela engole tudo o que lhe é imposto, tudo que é imposto às pessoas pelas invisíveis "regras de como ser uma pessoa/casal/família exemplar". Toda a estética do filme foi criada para aparentar que a história se passa nos anos 50, quando o "american way of life" estava em alta, e que assim como no filme, as pessoas escondiam seus problemas embaixo de um consumismo escancarado.
 Devorar é de uma imensa sensibilidade e sutilidade, eu tenho certeza que a maioria das pessoas não irão adora-lo, já que ele consegue causar um desconforto em quase todas as cenas e é tão excêntrico quanto a síndrome de Hunter, mas se você gosta de filmes que te fazem ficar na merda, refletindo com cara de idiota durante dias, literalmente fazendo seu ego filosofar com seu ID, Devorar é altamente recomendado.

Destaque:
  • Mano, a atuação da Haley Bennett é impecável, ela equilibra o delicado e o destrutivo. Como eu não conheci essa atriz antes? Porque o mundo não conhece essa atriz? Atuação perfeita.
Direção: Carlo Mirabella-Davis
Ano: 2019
País: Estados Unidos
Minha nota: 9.5/10
 

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Nell


 Após a morte de uma eremita que vivia isolada em uma floresta, o médico Lovell (Liam Neeson) descobre que a esclusa senhora tem uma filha já adulta, chamada Nell (Jodie Foster), que aparentemente nunca saiu do terreno da propriedade em que vive, nunca teve contato com outras pessoas e fala um idioma incompreensível. Como a Nell se opõe as tentativas iniciais de contato, Lovell e a psicóloga
 Paula resolvem passar alguns meses a observando com a finalidade de compreenderem como seria o humano sem a influência de outras pessoas e da vida moderna.
 Apesar de alguns clichês Hollywoodianos, o filme levanta um ótimo questionamento sobre a vida em sociedade. O respeito à vontade do individuo ou a preservação de sua segurança? O quanto a sociedade pode interferir? 
 Nell não é um filme excepcional, mas ele tem uma história bem construída, traz uma excelente atuação da Jodie Foster (como sempre), e ele também aborda um dos assuntos que eu sempre adoro ver no cinema, a comunicação.

Direção: Michael Apted
Ano: 1994
País: Estados Unidos
Minha nota: 7,5/10


domingo, 6 de setembro de 2020

Mangue negro

 

 Rodrigo Aragão é um dos grandes nomes do terror brasileiro, um grande mestre dos efeitos visuais e que mesmo com baixíssimos orçamentos consegue fazer ótimos filmes de gênero. Eu resolvi postar Mangue negro agora para ajudar a divulgar o novo filme do diretor, O cemitério das almas perdidas, que será apresentado na abertura do Cine fantasy (dia 06/09), que esse ano será transmitido pelo Cine Belas Artes drive-in. Mas se você não mora próximo à capital paulista, ou se não possui veículo, o Belas artes também irá transmitir o festival pelo Belas artes à la carte, que é o serviço de Streaming do cinema. Ele ficará disponível somente na noite do dia 07/09, e a mensalidade é de apenas R$9,90, menos que uma meia entrada no cinema e você ainda dá uma força ao terror nacional.
 Numa remota aldeia perdida em meio à manguezais vive uma pequena comunidade de pescadores, o que eles desconhecem é que com a morte do mangue, devido ao excesso de caça e por ter virado um depósito de lixo, toda a vida nele também irá morrer gradualmente, e quem se alimentar dos animais restantes do local será contaminado por uma espécie de vírus, que os transforma em mortos-vivos.
 Mangue negro é repleto de sangue e tripas (principalmente nas ultimas cenas), também tem algumas tiradas cômicas que funcionam bem, mas se você não é acostumado a esse tipo de filme é preferível você não assisti-lo comendo. Para mim, o único defeito do longa é o excesso de protagonismo da Dona Benedita, o que quebra um pouco o ritmo do filme mas não o prejudica por inteiro.
 Os cenários são maravilhosamente bem escolhidos, o mangue e suas cabanas de madeira dão todo um ar interiorano ao filme, e tem também a trilha sonora que vai de metal a Orquestra sinfônica do Espirito Santo.
  
Destaque:
  • Os efeitos especiais e a maquiagem (feitos pelo próprio Aragão) são ótimos, não perdem em nada para os terrores gringos. 
Direção: Rodrigo Aragão
Ano: 2008
País: Brasil
Nota: 7/10