quinta-feira, 21 de julho de 2016

A máquina




  E finalmente um filme brasileiro, não é por falta de opção que não postei antes, mas sim porque felizmente eles são fáceis de achar online.
  Apesar do título o filme mal fala da máquina, criada por Antônio (Gustavo Falcão) com o objetivo de trazer o mundo para a cidade de Nordestina, e assim convencer sua amada Karina (Mariana Ximenes) a não sair para conhecer a vida fora de sua cidade no meio do nada. Devido a um fato inusitado em sua infância Antônio acredita que é filho do tempo, e para trazer o mundo até Nordestina ele vai a um programa sensacionalista de tv e promete fazer uma viagem no tempo ao vivo, e que se não conseguisse uma máquina com 700 lâminas afiadas o atravessariam.
  O diretor João Falcão tirou a história do livro de sua esposa Adriana Falcão de uma forma tão surrealista que faz parecer que os cenários, intencionalmente artificiais, são ilustrações de livros 3d. A trama é narrada pelo roubador de cenas Paulo Autran, e no início do filme, que apresenta uma "complexa" explicação de criação do mundo, já reparamos que essa mistura de argumentos improváveis e surrealistas com a simplicidade da fala nordestina faz das conversas do filme um jogo de palavras poéticas, que conseguem transpassar a seriedade da vida dos migrantes nordestinos e nós transportar até a comédia das coisas simples da vida.

Destaque:
  • Não sei se o Rodrigo Amarante leu o livro A máquina, mas esses trechos da música descrevem perfeitamente o Antônio:
E se eu fosse o primeiro
A voltar pra mudar
O que eu fiz
Quem então agora eu seria?

Sei do escândalo
E eles tem razão
Quando vem dizer
Que eu não sei medir
Nem tempo e nem medo

E se eu for o primeiro
A prever e poder 
Desistir do que for dar errado

Ahh, ora se não sou eu
Quem mais vai decidir
O que é bom pra mim
Dispenso a previsão


Direção: João Falcão
Ano: 2006
País de origem: Brasil
Minha nota: 8.5/10

  

sexta-feira, 1 de julho de 2016

O tambor - Die blechtrommel



 Após observar o mundo dos adultos Oskar decide parar de crescer e continuar como um garoto de três anos para sempre. O problema é que a terra do nunca de Oskar é a Alemanha, que está se tornando nazista, nos anos 30.
 Um pouco antes de sua drástica decisão, Oskar ganha um tambor, instrumento que o acompanha pelo resto da vida e que ninguém consegue retirar dele. Ele passa a maior parte de seus dias irritando parentes, vizinhos, professores e até atrapalhando comícios nazista com o seu tambor.
 Esse premiadíssimo filme alemão foi proibido em alguns países por conter cenas de sexo com uma criança. Talvez essas cenas causaram essa repercussão porque o David Bennent (ator que interpreta o Oskar), que tinha doze anos quando gravou o filme, permanecia com a aparência de uma criança de cinco ou seis anos.
 O filme é narrado por Oskar, com seu olhar misantrópico sobre o mundo, desde o inusitado momento em que seus avós se conheceram, até seus 21 anos. Apesar do foco ser a vida de Oskar e seu tambor, as entrelinhas são a natureza humana e politica, colocadas de tal forma que dá vontade de fazer o que o Oskar fez, fugir desse mundo de atritos absurdos e ir para o circo de anões.

Destaques:
  • Junto com Vá e veja (1985) é o filme mais interessante que eu já vi sobre 2° guerra mundial, pois ele mostra a manipulação politica sendo instalada aos poucos na população alemã.
  • A narrativa é muito original, ela dá um ar simultaneamente surreal e infantil ao filme.

 Direção: Volker Schlöndorff
 Ano: 1975
 Países de origem: Alemanha, França, Iugoslávia e Polônia
 Minha nota: 8.5/10