domingo, 12 de janeiro de 2020

O orador - O le tulafele



 É uma produção simples, com uma história crível e cativante, que se fosse feita em outro país provavelmente seria um filme dispensável, mas o que torna O orador atrativo é o fato dele ser de Samoa, pois no filme vemos os costumes inimagináveis dos samoanos, que vão desde como eles tomam banho até o modo de escolha dos chefes locais. 
 Saili é ridicularizado por muitos de sua vila por ser anão. Ele é casado com Vaaiga, que foi banida de sua vila de nascimento e que tem uma filha já adolescente, que foi criada por Saili mas que não é sua filha biológica. Dezessete anos depois de ser banida o irmão de Vaaiga vai até sua casa e pede para que ela regresse à sua vila de origem, pois só assim será possível que uma maldição imposta à ele seja quebrada. Além disso uma outra tragédia ocorre à Saili e ele terá que reunir toda sua coragem para conseguir manter sua família unida.
  Este é o primeiro filme feito totalmente na Samoa, e é interessantíssimo poder conhecer tradições e rituais de um lugar que eu sequer sabia que existia antes de assistir O orador. Dentre esses rituais é impossível não se impressionar com um chamado ifoga, onde a(s) pessoa(s) que te fez algum tipo de mal deve se sentar na frente da casa da pessoa ofendida, coberto com uma espécie de tapete de palha até que a pessoa saia e tire o tapete de você, mostrando assim que você está perdoado. Além da belíssima Samoa o filme também tem uma ótima história que junta costumes, perdão e coragem, e que mostra que temos que engolir nosso orgulho antes que o tempo invisível da vida se acabe e tenhamos que permanecer com as mágoas travadas em nossa garganta.

Destaque:

  • A trilha sonora é composta basicamente por "barulhos da floresta", ouvimos grilos, pássaros e o som do rio que nos emerge na maravilhosa atmosfera do filme.
Direção: Tusi Samasese
Ano: 2011
País: Samoa
Minha nota: 8/10

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Os infelizes - De helaasheid der dingen



 Os filmes do Felix Van Groeningen tem sempre um toque bem característico, uma espécie de tristeza irônica, uma melancolia cômica, que nos faz sempre tentar procurar um vestígio de esperança dentro de suas desoladoras histórias.
 Gunther narra a história em primeira pessoa, que se passa maioritariamente aos seus 13 e 27 anos, e o tema central de Gunther é a sua despudorada família. Aos 13 anos notamos que Gunther observa já acostumado a rotina de bares, concurso de bebidas, brigas e ressacas de seu pai e tios. Ele vive em meio a bagunça, a pobreza e (por incrível que pareça) ao amor e a união de seus parentes, o que faz com que o adolescente, mesmo vivendo em condições totalmente inapropriadas para ele, goste e sinta orgulho de sua família, mas ele percebe que aos poucos está se tornado mais um boêmio e toma uma decisão para tentar mudar o curso, que aparentemente já estava determinado, de seu futuro.
 Aos 27 anos vemos que Gunther permanece infeliz, ele não seguiu os passos de seu pai e tios em nenhum aspecto, nem na vida irresponsável que levavam e nem na felicidade que sempre demonstravam.
 Assim como Alabama Monroe, outro filme do Van Groeningen que eu já postei aqui no Nostromo, Os infelizes é narrado em duas linhas temporais diferentes, uma demonstra as causas e a outra o resultado, e como a narração é feita de forma intercalada nós percebemos desde o começo do filme que o mais esperado não ocorreu e que o acaso pode nos surpreender muito mais do que imaginamos.

Direção: Felix Van Groeninger
Ano: 2009
País: Bélgica
Minha nota: 8/10