terça-feira, 1 de novembro de 2022

Hora de morrer - Pora Umierac


 Aniela é uma idosa que vive em uma grande casa que é a sua própria personificação. Velha, mesmo estando cercada de outros é isolada e com vários sinais de desgaste pelo tempo. Como sua única companhia ela tem a cadela Filadélfia, que acompanha diariamente suas lembranças, reclamações e sua espera pelos telefonemas e visitas do filho, para quem pretende passar a casa já que pressente que a hora de sua morte está próxima. Os planos de Aniela não saem como planejado e ela terá que usar de toda sua esperteza para manter sua casa a mesma depois de sua ida.
Hora de morrer tem uma imensurável sutileza ao tratar de assuntos como senilidade, abandono parental e solidão. Tudo nos é mostrado através dos olhos de Aniela, que apesar de resmungona sabe aproveitar os pequenos momentos de felicidade que só as coisas simples da vida podem proporcionar.
Tecnicamente impecável, é uma aula de como um roteiro simples pode ser ótimo e surpreendente. 
Altamente recomendado para melhorar o seu dia.

Direção: Dorota Kedzierzawska
Ano: 2007
País: Polônia
Minha nota: 9/10


domingo, 4 de setembro de 2022

O último jantar - The last supper


 Cinco amigos que moram juntos convidam semanalmente uma pessoa para jantar, com a finalidade de discutirem sobre assuntos diversos. Quando um imprevisto impede que a convidada da semana compareça, um completo desconhecido ocupa o seu lugar e o resultado desse convite é o motivo do título do filme ser O último jantar.
E se você voltasse no tempo para a Áustria, no final do século XIX, e conhecesse um Adolf Hitler ainda criança, bem antes dele cometer as atrocidades realizadas na segunda guerra. O que você faria? Você mataria uma criança? O último jantar vai colocar seu senso de justiça a prova, afinal, quem é realmente imparcial e idôneo o suficiente para decidir quem está certo ou errado?
Observação: Recomendado para assistir com a família conservadora durante um almoço de domingo.

Destaque:
  • Os diálogos são muito bem escritos. Eles te manipulam a normalizar o absurdo sem que você perceba. 

Direção: Stacy Title
Ano: 1995
País: Estados Unidos
Minha nota: 9/10 

sábado, 30 de julho de 2022

Titane


 
 Alexia não é um ser constituído apenas de sangue, pele e ossos. Após sofrer um acidente de carro quando criança, uma placa de titânio foi implantada em seu crânio, o que originou uma estranha conexão de Alexia com automóveis. 
 Esse é o segundo longa da diretora Julia Ducournau, e assim como em Grave, seu filme de estreia, a narrativa é construída de forma aberta a interpretações, poucas ou nenhuma explicação nos é dada sobre as motivações e ações dos personagens, cabe a nós observar e tirar nossas próprias conclusões. Estou informando isso porque o filme que mais pessoas vieram me falar que não gostaram do blog foi o Grave, então este é um aviso de que esse filme não vai te explicar nada e que ele é estranho pra caralho.
 Com algumas cenas muito aflitivas e um enredo surpreendente (mesmo com um desfecho previsível), Titane gerou um interesse/curiosidade em muita gente por retratar a historia de uma mulher que SPOILER SPOILER engravida de um carro FIM DO SPOILER, mas o filme vai muito além dessa história esquisitona. As criticas sociais em Titane são implícitas mas são visíveis, aqui o horror é utilizado assim como sempre foi, para chocar, mas toda a visceralidade exposta por uma mulher constantemente vista como objeto de desejo surpreende muito mais do que as vísceras em si. 

Direção: Julia Ducournau
País: França e Bélgica 
Ano: 2021
Minha nota: 9/10


quinta-feira, 9 de junho de 2022

Cubo - Cube


 Um policial, uma médica, um engenheiro, um fugitivo e uma estudante acordam em uma sala em formato de cubo, sem ter ideia de como e porque estão lá. A sala possui uma pequena passagem em cada parede, que levam a outra sala em formato de cubo, e a maioria delas tem armadilhas mortais, cabendo aos cinco estranhos criarem métodos para tentar descobrir quais cubos tem armadilhas e como evitá-las. 
 O Cubo não foi o primeiro, mas foi o filme que popularizou o gênero "desconhecidos presos em lugar em que precisam achar uma saída para conseguirem sobreviver". Mesmo se passando em praticamente um único ambiente e com a sua visível limitação de recursos, o filme compensa na criatividade do roteiro, ele nunca fica chato ou cansativo, mas algumas atuações podem atrapalhar sua imersão na trama (me atrapalhou um pouco pelo menos). 
 Com sua bela cena inicial, seus personagens bem construídos e sua história diferentona, Cubo, apesar de seus problemas visíveis, é um filme que te prende até a última cena, e é um belo exemplo de filmes de baixo orçamento que obtiveram uma bilheteria dezenas de vezes maior que o seu custo.

Direção: Vincenzo Natali
Ano: 1997
País: Canadá
Minha nota: 7,5/10

 



segunda-feira, 18 de abril de 2022

O corpo - El cuerpo


Ao fugir de algo não revelado, o vigilante noturno de um necrotério é atropelado e entra em coma. Na investigação sobre o caso é percebido que o corpo de uma poderosa milionária desapareceu, e enquanto Jaime, o detetive responsável, interroga o viúvo da milionária, estranhos acontecimentos passam a ocorrer no necrotério, e eles aparentemente são feitos por alguém que sabe o que ocorreu ao corpo e quer que ele seja encontrado.
Com reviravoltas constantes e uma ótima dinamicidade, o roteiro de El cuerpo é o seu grande destaque, pois consegue manter o mistério até a última cena, mesmo entregando pistas de seu desfecho durante todo o filme.

Direção: Oriol Paulo
Ano: 2012
País: Espanha
Minha nota: 8,5/10

domingo, 6 de março de 2022

Os inocentes - De Uskyldige


 Os inocentes traz como protagonista Ida, uma criança que acaba de se mudar para um condomínio com seus pais e sua irmã autista, Anna. As irmãs rapidamente formam um grupo de amigos com Ben e Aisha, e esse grupo tem uma característica em comum que te fará questionar quais são os limites das maldades infantis e como é a percepção para cada criança da linha tênue que as separa.
Surrealismo e realismo, bondade e maldade, consequência e impunidade são opostos muito bem desenvolvidas na trama, pois apesar de apresentar uma história com elementos surrealistas, o filme passa a sensação que aquelas crianças poderiam ser reais. 
Apesar do ritmo lento, a história e os personagens tem um desenvolvimento rápido, não demora para descobrirmos quais os principais traços de suas personalidades e passarmos a desconfiar deles. O filme ter sido filmado majoritariamente durante o dia parece ser uma forma da fotografia andar sincronicamente com o roteiro, pois os personagens estão totalmente expostos à nós, todas as suas ações são claramente demonstradas, o que auxilia na construção da tensão crescente a cada cena.
Aviso: Esse filme contém cenas de violência.

Destaques:
  • As atuações das crianças são excelentes, mas a que mais se destaca (pelo grau de complexidade da personagem) é a atriz que interpreta a Ida, Rakel Lenora Fløttum.
  • A direção do Eskil Vogt, com todas as variações de enquadramentos conseguiu dar muito destaque as interpretações. 

Direção: Eskil Vogt
Ano: 2021
País: Noruega
Minha nota: 9/10

sábado, 19 de fevereiro de 2022

O que fazemos nas sombras - What we do in the shadows


 Neste mocumentário vemos as dificuldades e os benefícios que quatro vampiros de séculos diferentes passam ao dividirem uma casa na Nova Zelândia. Além das populares adversidades que vampiros enfrentam, como não poder sair durante o dia e não poder entrar em um lugar sem ser convidado, o filme também mostra questões rotineiras triviais, como a divisão de trabalhos domésticos, dificuldades em relacionamentos amorosos e como matar as vítimas sem sujar os móveis de sangue.
O que fazemos na sombras tem um roteiro hilário, que consegue fazer inúmeras piadas de como vampiros que tem séculos de existência conseguem se adaptar a vida moderna em uma metrópole sem ficar repetitivo ou cansativo. São inseridas várias subtramas pararelas ao decorrer do filme, o que o deixa cada vez mais instigante e que também nos dá uma visão mais ampla e específica de cada personagem, já que eles são bem distintos.
Altamente recomendado caso você esteja de mau humor.

Direção: Jemaine Clement e Taika Waititi
Ano: 2014
País: Nova Zelândia
Minha nota: 8,5 

domingo, 30 de janeiro de 2022

A noite do demônio - Night of the demon



John Holden é um psicólogo americano que viaja para Inglaterra afim de participar de uma convenção científica. Ao descobrir que seu colega, professor Harrington, faleceu de forma inesperada e que sua sobrinha alega que essa morte foi causada por uma maldição lançada ao professor por ele estar estudando um misterioso culto, mesmo com todos os avisos que lhe foram dados para não continuar Holden resolve investigar o caso, já que o seu ceticismo é muito maior que o seu medo pelo oculto. 
O diretor Jacques Tourneur já havia demonstrado destreza em construir ambientes que exalam terror apenas com cenas cheias de sombras e com ângulos que sugestionam a presença do sobrenatural em seus filmes anteriores, mas nesse filme o produtor quis inserir um demônio por fins de marketing, demônio esse que acabou ilustrando os pôsteres do filme e acabando com toda a dúvida sobre a existência do sobrenatural e o mistério que a ausência dele poderia causar. 
O confronto da incredulidade e do ocultismo é o tema central de A noite do demônio, que são muitos bem sustentados pelos diálogos bem escritos e que também são retratados por diversas cenas onde luz e sombras enfatizam toda a dualidade do filme.
Este filme foi sugerido por um frequentador do blog. Caso você queira sugerir um filme que você não acha em lugar nenhum pode deixar nos comentários.

Direção: Jacques Tourneur
Ano: 1957
País: Inglaterra 
Minha nota: 8/10

Parte 1

Parte 2