quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Delicatessen




 Em um futuro extremamente distópico, o que mais importa é conseguir comida. Grãos viraram dinheiro e a carne de vaca, frango e porco estão extintas, o que leva os sobreviventes a recorrerem a opções um tanto exóticas para substituir tal proteína.
 Uma parte da população adotou a ideologia "junte-se a um grupo ou seja devorado sozinho", e o grupo apresentado pelo Delicatessen é comandado pelo açougueiro, que cobra uma quantia de grãos em troca de um apartamento em seu prédio e por carne. O açougueiro atrai pessoas com falsas oportunidades de emprego e depois os transforma na nova refeição de seus inquilinos. O problema é que a filha do açougueiro acaba se apaixonando pela nova presa do pai, um ex-palhaço que faz reparos no prédio, e ela recorrerá a outro grupo para tentar salvar a pele (literalmente) de seu amado.
 Comédia de humor negro bem irreverente, que não agrada grande parte do público assim como vários filmes do Jeunet e do Marc Caro, acredito que por conta de toda a excentricidade e originalidade demonstrada em seus filmes, mas como diria Caetano: "é que Narciso acha feio o que não é espelho", então se você prefere filmes realistas, provavelmente não irá conseguir viajar junto com a maravilhosa ideia surreal do filme.

Destaque:
  • A direção de arte do Caro é sempre genialmente original, os enquadramentos, o cenário, e também a paleta de cores que consegue nos fazer imaginar sensações, como sufocamento, nojo e alegria são verdadeiras aulas de cinema.
Direção: Jean- Pierre Jeunet e Marc Caro
Ano: 1991
País: França
Minha nota: 8.5/10




quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Disque M para matar - Dial M for murder

  


 O crime perfeito, Hitchcock os criava apenas para mostrar que eles só existem nos livros, pois a vida real é cheia de eventualidades do acaso, que interferem causando deslizes nos aparentemente impecáveis delitos.
 Um ex-tenista profissional casa-se por interesse com uma mulher rica, interpretada pela deslumbrante, extremamente charmosa, belíssima e que tinha o sorriso mais fofo de Hollywood, Grace Kelly. Ele decide mata-la após perceber que a esposa já não o ama e que está tendo um caso amoroso com um escritor famoso, pois assim ele receberia toda sua fortuna. Ele elabora um "crime perfeito", chantageando um ex-colega de faculdade para assassina-la, mas nem tudo sai como planejado, e o crime perfeito transforma-se em um crime ainda mais perfeito do que ele havia planejado.
 Quando o assunto é Hitchcock as opiniões sempre se dividem, tem gente que acha que seus filmes são datados, que todos tem a mesma fórmula e que ele era um babaca, mas pra mim ele ainda é o mestre do suspense. Muitos filmes nos emocionam, nos fazem rir, nos deixam com medo, mas poucos nos fazem ficar tensos, torcendo pelos personagens, com a mão no peito, gritando para a tv: "não entra aí, idiota". A aflição causada pelo suspense é o resultado de que a direção acertou no resultado final do filme e não existe um diretor que acertou mais nesse quesito que o Hitchcock. 
 Disque M para matar foi considerado pelo seu próprio diretor um dos filmes insignificantes de sua filmologia, o que é estranho é que ele é considerado pela critica uma de suas obras primas, para mim ele é um de seus três melhores filmes, junto com Janela indiscreta (que também tem a Grace Kelly) e Festim diabólico (que não tem a Grace Kelly mas a história é ótima).

Destaque:
  • Hitchcock tinha uma famosa obsessão por enquadramentos de câmeras (e por degraus) e em Dique M para matar, que é um filme com muitos diálogos constantes, a importância dos enquadramentos é extrema. Se não houvesse uma dinamicidade nos enquadramentos o filme provavelmente se tornaria monótono por se passar dentro de um apartamento e não ter quase nenhuma cena de ação, e isso o tornaria só mais uma boa história que caiu nas mãos do diretor errado.
Direção: Alfred Hitchcock
Ano: 1954
País: EUA
Minha nota: 9/10