quarta-feira, 1 de abril de 2020

O desprezo - Le Mépris





 Considerados por alguns o maior diretor da história do cinema (e por muitos o diretor dos filmes mais chatos), Jean-Luc Godard, em um de seus melhores filmes, nos conta a história de como uma simples atitude pode nos fazer criar o sentimento mais duro e irremediável de todos, o desprezo.
 No filme vemos que o famosíssimo diretor Fritz Lang, que interpreta ele mesmo, está dirigindo um filme que conta a história de A odisseia, mas um produtor americano, preocupado com a lucratividade do filme, contrata o roteirista Paul, e lhe dá a tarefa de deixar o filme menos artístico e mais comercial. O arrogante produtor americano interessa-se instantaneamente por Camille, a esposa de Paul, e a atitude de Paul referente a esse interesse causa em Camille o mais profundo e intenso desprezo. 
 Esse é o filme mais facilmente compreensível do diretor mais incompreendido da história do cinema. O desprezo tem uma narrativa com várias metáforas mas a linearidade que ele apresenta é algo raro nos filmes do Godard. Os filmes do Godard foram o meu primeiro contato com filmes franceses e para mim foi extraordinária a ideia das metáforas, metalinguagem, dualidades e falta de linearidade, pareceu-me que tudo era possível no cinema. Eu fui tirada da zona de conforto de filmes americanos com explicações mastigadas e fui jogada em um labirinto de epifanias francesas. Eu compreendo que existam pessoas que gostam de filmes lineares, finais explicados e narrativa realistas, mas se você for uma dessas pessoas e quiser sair um pouco do seu lado do espelho(ou se você pretende assistir a um filme do Godard por conta da música Eduardo e Monica), esse é o melhor filme para começar a desbravar essa experiência extrassensorial que é o cinema francês.
 Obs: Se você nunca ouviu falar do Fritz Lang pelo amor de deus vá assistir Metrópoles, que é com absoluta certeza um dos 10 melhores filmes já feitos.
 Direção: Jean-Luc Godard
 Países: França e Itália
 Ano: 1963
 Minha nota: 9/10

    

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